AÇORES | Bloco propõe criação imediata de apoio ao pagamento de renda para estudantes açorianos deslocados na Região ou no continente
O Bloco de Esquerda defende a criação imediata de um apoio ao pagamento de renda de habitação para os estudantes deslocados que frequentem o ensino superior na Região ou no continente. Para resolver o problema estrutural a solução passa por aumentar o número de residências universitárias através da conversão de edifícios do Governo Regional ou das autarquias.
O problema não é novo, mas este ano, devido à retoma do sector do turismo e devido ao aumento da inflação, os estudantes universitários deslocados – quer dentro da Região, quer no continente – estão a enfrentar enormes dificuldades para conseguir alojamento a preços acessíveis.
António Lima, deputado do Bloco de Esquerda, que esteve hoje reunido com a reitora da Universidade dos Açores, aponta como solução imediata, para ser aplicada já este ano letivo, a criação de um apoio do Governo Regional destinado ao pagamento de renda para os estudantes deslocados.
Mas, para atenuar o problema no futuro, a solução deve passar pela criação de parcerias entre a universidade e a Região e as autarquias para encontrar edifícios que possam ser convertidos em residências universitárias. Só assim poderá ser dada resposta às necessidades, porque na Universidade dos Açores existem mais de 700 alunos deslocados, mas existem apenas pouco mais de 300 camas em residências universitárias.
“Existem muitos alunos que, mesmo não sendo bolseiros, vivem com grandes dificuldades”, alerta António Lima, considerando que é importante ter disponibilidade de residência universitária para estes alunos, para não ficarem dependentes dos preços do mercado.
O deputado do Bloco deixou críticas ao Governo Regional por ter criado uma bolsa para os estudantes universitários açorianos que é “injusta e discriminatória”, porque limita a sua atribuição a apenas 150 estudantes por ano.
“Não se percebe que a bolsa seja limitada a apenas 150 estudantes, quando mais de 300 candidatos cumpriam todos os critérios”, disse António Lima.
O ano passado, 235 estudantes que cumpriam todos os critérios ficaram de fora. Ou seja, o governo reconhece que eles têm a necessidade de receber esta bolsa, mas eles acabam por ficar excluídos.
O Bloco propõe que esta bolsa de apoio aos estudantes do ensino superior passe a ser atribuída automaticamente a todos os candidatos que cumpram os critérios, em vez de estar limitada a apenas 150 estudantes.
“Não podemos correr o risco de ter estudantes a desistir do ensino superior por dificuldades económicas”, disse António Lima, que apontou o “atraso estrutural brutal” dos Açores nesta matéria: “apenas 10% dos açorianos entre os 18 e 22 anos frequentam o ensino superior, quando no continente esta percentagem é superior a 40%”.
Permitir que alunos açorianos desistam da universidade é “pôr em causa o nosso futuro”, disse o deputado, que assinalou ainda que a “Universidade dos Açores é estratégica para a Região”.
António Lima lembrou também que em 2019 o PSD apresentou nos Açores uma proposta para a construção de residências universitárias para alunos açorianos deslocados no continente. Mas “estamos 2022, o PSD está no governo, e nada aconteceu”, assinalou.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU