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AÇORES | Bloco quer “rutura com as políticas da direita” e acusa PS e coligação de falta de transparência sobre o futuro

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A coligação de direita e o PS “passam a campanha a tentar demonstrar qual foi o governo que teve piores resultados” e isso mostra a falta de respostas que têm para a vidas das pessoas, disse António Lima. O Bloco acusa a coligação de estar a esconder o seu programa eleitoral e assinala que o PS tem de explicar se quer romper ou continuar com a política de direita.

“Não são capazes de apresentar um resultado positivo e passam a campanha a tentar demonstrar qual foi o governo que teve piores resultados” na pobreza, no abandono escolar precoce, na saúde, na dívida pública, nas dívidas a fornecedores, na falta de resposta na habitação e no aumento das desigualdades sociais.

António Lima diz-se surpreendido com a ambiguidade do PS, que diz que está disponível para entendimentos à direita e à esquerda, o que significa que pode chegar a um entendimento com os partidos de direita que apoiaram ou integram o atual governo.

“Que mudança é que o PS quer fazer nos Açores, quando põe a hipótese de fazer esta mudança com os partidos que apoiaram ou até que integram o atual governo de direita?”, questionou hoje o coordenador do Bloco, num encontro com militantes, que contou também com a presença da dirigente nacional, e eurodeputada, Marisa Matias.

Em relação à coligação, António Lima, critica o facto de, a meio da campanha, ainda não ter apresentado o seu programa eleitoral.

“A coligação não quer que as pessoas saibam o que é que propõem, está a esconder o seu programa”, o que significa que os 3 mil açorianos que vão votar este domingo – voto antecipado em mobilidade – “vão votar sem saber o que é que propõe a coligação e isto é inadmissível em democracia”.

Sobre as escolhas para o futuro, António Lima afirma que o Bloco é o partido com maior clareza: “o nosso programa é de transformação e de rutura com as políticas de direita e não servirá para deixar tudo como está”, “nenhum governo de direita terá o nosso apoio”.

Resolver os problemas do Serviço Regional de Saúde – fixar médicos, valorizar as carreiras e acabar com a precariedade – combater o abandono escolar precoce, com um plano integrado, e tornar o ensino superior gratuito para os açorianos, pagando as propinas, as deslocações aéreas e o alojamento, transformar a economia, aumentar salários e garantindo apoios sociais para combater a pobreza, são algumas das prioridades do Bloco.

Além disso, é necessária uma política de rutura, “que não tem medo de dizer que é preciso apoiar quem está em situação de pobreza e que é preciso aumentar salários no setor público e no setor privado”, destaca António Lima.

O candidato do Bloco lamentou também a aproximação da coligação de direita à extrema-direita: “em vez de se posicionar em oposição à extrema-direita vai assumindo o seu discurso e o seu programa, um exemplo claro disso foi ouvir José Manuel Bolieiro a dizer com muita convicção que para as pessoas saírem da pobreza tinham que trabalhar”.

“É uma frase que ouvimos a extrema-direita dizer da mesma forma. Pode enganar algumas pessoas, mas quando olhamos para os números concretos ligados ao desemprego e à pobreza nos Açores vemos que é uma falsidade e ataca quem está em situação de pobreza e ataca quem trabalha e é pobre”, assinalou o líder regional do Bloco.

“Quando temos nos Açores 6% da população desempregada e temos 26% da população em risco de pobreza, quer dizer que uma parte da população que trabalha está em risco de pobreza e não consegue fazer face às suas despesas, não tem uma habitação digna e não consegue chegar ao fim do mês com o salário que tem”, concluiu António Lima.

Marisa Matias, eurodeputada e dirigente nacional do Bloco, destacou o papel importante que o Bloco tem desempenhado nos Açores.

“Seja aos últimos anos da maioria absoluta do PS no país, seja em relação à coligação de direita nos Açores ou na Madeira, o Bloco tem sempre denunciado as teias de interesses e os negócios obscuros, e tem procurado sempre mais transparência na gestão da coisa pública”.

A eurodeputada do Bloco assinala ainda que “nem a maioria absoluta do PS, nem as coligações de direita trouxeram estabilidade, pelo contrário foram permanentes fontes de instabilidade política”, porque “a estabilidade não vem por arranjos”, mas sim “por políticas que respondam às necessidades das pessoas”.

Só temos estabilidade política se tivermos propostas que garantam que a habitação é mesmo um direito, se garantirmos que o acesso à saúde é mesmo universal e gratuito, se respondermos às necessidades dos professores e dos estudantes na escola pública, e se houver uma resposta concreta ao aumento de salários e pensões que permitam viver com dignidade, disse Marisa Matias.

BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.