João-Luís de Medeiros nasceu em dezembro de 1940 na ilha de São Miguel, Açores, na freguesia de São Roque, onde completou o ensino básico. Concluiu o Ensino Técnico Profissional em Ponta Delgada em 1961. Fez o serviço militar durante a guerra colonial em Moçambique de 1963 a 1966. Após o 25 de Abril, foi vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada, membro eleito à Primeira Legislatura da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (1976) e representante açoriano na Assembleia da República (1978). Em 1980 emigrou com a família para a costa leste dos EUA, mudando-se em 1999 para o sul da Califórnia onde trabalhou como contabilista e agente consultivo em Recursos Humanos no sector privado empresarial.
João Luís de Medeiros é licenciado cum laude em Humanidades e Ciências Sociais pela University of Massachusetts, Dartmouth e titular de Mestrado em Ciências de Recursos Humanos pela Chapman University, Orange, Califórnia.
É co-autor (junto com Heldo Braga) de Em Louvor do Divino (1993) e autor de (Re)verso da Palavra (2007, poesia) e Canteiro da Memória (O Rosto Enrugado da Espera) (2010, coletânea/crónicas). Tem colaborado regularmente na imprensa, nomeadamente na diáspora, onde assina a coluna “Memorandum” em que, no seu estilo fino, eloquente e incisivo, trata dos mais variados temas de uma maneira engajada, culta e séria.
Ao contrário de Canteiro da Memória (O Rosto Enrugado da Espera), um livro que, maioritariamente em prosa, se debruça sobre questões políticas, sociais, históricas e filosóficas, (Re)verso da Palavra revela-nos os dons poéticos de João-Luís de Medeiros que, sem deixar as suas preocupações sociais e metafísicas, nos dá um reflexo da sua alma e do seu sentimento perante um mundo onde a esperança e a desilusão co-existem. Demonstra também os seus dotes de cronista na secção final do livro – “(P)rosas Brancas & Cravos Bravos (…eu pregador me confesso a ‘prosear’ poemas)” – onde desce as escadas da memória para nos relatar cenas preciosas alusivas à sua infância e adolescência.
(Re)verso da Palavra é um livro para ser lido aos poucos, degustando cada poema e cada crónica como quem aprecia um manjar delicioso. Reflete o percurso de um homem são, sensível e inteligente que soube dar o seu valioso contributo à vida política da sua terra e do seu país ao mesmo tempo que cultivava a força da palavra escrita e a beleza das imagens poéticas.
Na “Breve Nota de Abertura” do livro, João-Luís de Medeiros refere-se a dois grandes escritores açorianos, Dias de Melo e Daniel de Sá, “ambos amigos muito estimados e referências singulares”, como “os mais firmes entusiastas de reunir em livro os meus versos”. À laia de prefácio, Daniel de Sá escreveu sobre os poemas no livro: “Gotas de luz! Essas gotas que, juntas, formam a torrente dos teus versos, exorcizando os fantasmas que possam ensombrar a vida do amor e o amor à vida. Gotas de luz como pinceladas impressionistas.” Que essas gotas de luz iluminem o/a leitor/a e o/a façam sentir que a vida é bela e poderosa quando acreditamos que vale a pena lutar pelo bem de todos e cremos na força do pensamento, como nos revela o autor de (Re)verso da Palavra.
José Luis da Silva
Professor aposentado e poeta
Projeto Olhos nos Livros do instituto universitário PBBI-Universidade Estadual da Califórnia-Fresno
Título: (Re)verso da Palavra
Autor: João-Luís de Medeiros
Ano de Publicação: 2007
Edição do Autor
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Belíssimo!
Parabéns João Luis
Abraço.
Décio