REGIÃO | “PS deixou a SATA ligada às máquinas e o governo da coligação quer desligar as máquinas e enterrar a companhia”
“O PS deixou a SATA ligada às máquinas, mas o governo de coligação de direita está determinado a desligar a máquina”, disse António Lima, que, perante as opções que têm sido tomadas na companhia aérea açoriana e os resultados alcançados, acusa o governo do PSD, CDS e PPM de estar a “enterrar a SATA”.
Num debate de urgência sobre a situação da SATA, hoje no parlamento, António Lima diz que tem havido propaganda pouco séria e falta de transparência, com a divulgação de resultados financeiros incompletos, que tinha como objetivo tentar enganar a opinião pública com “a falsa e perigosa narrativa” de que “o governo de direita estava mesmo a salvar a SATA”, quando, na verdade a “estava a enterrar”.
A análise das contas do Grupo SATA mostra que os problemas financeiros já não estão só na SATA Internacional, mas também estão a alastrar-se de forma preocupante à SATA Air Açores, que em 2023 teve os maiores prejuízos dos últimos anos.
António Lima lembrou que estes resultados se verificam apesar das ajudas da região no valor de 435 milhões de euros e do aumento dos subsídios pagos ao abrigo de Obrigações de Serviço Público.
“Como é que depois de 435 milhões de euros” injetados na SATA Air Açores, este governo obtém “resultados piores do que os resultados dos governos do PS?”, questionou António Lima, considerando que esta situação é “deveras preocupante”.
De facto, as contas mostram que entre 2021 a 2023 a SATA teve mais 11,7 milhões de euros de prejuízo do que entre 2016 e 2019. E em 2023, a SATA Air Açores recebeu mais 10,5 milhões de euros de subsídio do que em 2022.
“Se não fosse este aumento de subsídios em mais de 10,5 milhões de euros o prejuízo na SATA Air Açores em 2023 seria de 20,4ME. É isso salvar a SATA?”, questionou António Lima.
O deputado do Bloco pediu explicações ao governo por um empréstimo de 60 milhões de euros que foi contratado à JP Morgan, e que, no reembolso antecipado, custou 6 milhões de euros. Uma situação que, de acordo com secretário regional das Finanças foi uma forma de testar o mercado e uma imposição do Plano de Reestruturação negociado com a Comissão Europeia, que “nenhum açoriano conhece”.
António Lima voltou, por isso, a criticar o governo por se recusar a divulgar este documento que é fundamental para perceber a estratégia que foi definida para a recuperação da companhia aérea e que inclui a sua privatização, uma opção que o Bloco considera que irá pôr em causa a mobilidade dos açorianos e das açorianas.
Além disso, o Bloco considera incompreensível que, no momento crítico que atravessa, a SATA esteja sem presidente do conselho de administração e que o governo não consiga explicar quais os objetivos estratégicos das rotas internacional recentemente abertas e que não têm como foco as ligações dos Açores com o continente e a diáspora.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU