Reticência de relutância em agir ou reticências de uma ideia incompleta? Uma interrogação que até poderia remeter este artigo para o campo do estudo gramatical ou para uma área bem mais conflituosa. Porém, quando abordamos tomadas de decisão em saúde pública, a palavra consenso está intimamente ligada e tem de constar no dicionário.
Ontem, hoje e amanhã, do cinema à música, com passagem pela saúde. Ontem – as políticas públicas de saúde praticadas no decorrer dos últimos anos colocaram-nos numa posição de destaque entre os mais desenvolvidos sistemas de saúde. Hoje – a afirmação prévia é suportada pelo notável êxito do programa de combate à mortalidade infantil, uma referência em todo o mundo. Amanhã – existe a necessidade de serem efetuadas reformas estruturais sem colocar em causa os fundamentos que orientam o nosso contrato social – como refere António Arnaut – “Não é justo que a saúde seja um privilégio de quem a pode pagar, e não um direito de todos”. Apesar de limitações orçamentais, o impacto de uma premissa que assente numa perspetiva de considerar a saúde como um investimento na sociedade e não mera despesa, abre as portas ao aumento de resultados e ganhos para a população.
Palavras-chave: Promoção da Saúde; Prevenção da Doença; Monitorização da Doença Crónica; Acesso.
“Quando tudo é digital, a Saúde não pode ser uma exceção” referiu o ex-Secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo, no fim de 2021. De aplicabilidade em aplicabilidade, vejamos o exemplo da administração fiscal que no passado exigia uma presença física constante. O exposto evidencia o papel do Digital num outro setor, assim sendo, cabe agora providenciar uma das mais importantes reformas estruturais à “não exceção”, Saúde, – o Digital.
O que traz de novo e relevante para a nossa Região? Através do digital seria possível integrar um Registo Eletrónico de Saúde que permitiria a partilha de informação clínica entre os diversos níveis de cuidados; monitorizar os utentes com doenças crónicas; armazenar exames de diagnóstico; disponibilizar dados mais fiáveis; mais eficiência na gestão.
Sistema Regional de Saúde, Açores, 9 ilhas, 630 km. O facto de os Açores apresentarem um território arquipelágico e disperso leva a determinados constrangimentos na prestação de cuidados. Por diversas vezes, os utentes necessitam de deslocar-se entre ilhas ou para o exterior da região e é aqui que mais uma vez o digital entra como solução através da teleconsulta.
Do papel ao digital, do passado ao futuro, conscientes de que começa hoje.
Miguel Moniz Pimenta, Membro do Secretariado da Juventude Socialista dos Açores