No decurso das últimas décadas o estudo sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com um conjunto diversificado de atividades e trabalhos que têm dado um importante contributo para o conhecimento da emigração portuguesa.
Neste entrecho, destaca-se indubitavelmente o percurso devotado e laborioso da professora Aida Baptista, cuja experiência de vida como emigrante, de Leitora de Português em Angola, Finlândia e Canadá, assim como de colaboradora da imprensa da diáspora e autora de bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, a catapultam para uma das cientistas sociais hodiernas que mais tem contribuído para o conhecimento da emigração portuguesa.
Licenciada em História, Mestre em Literatura e Cultura Portuguesa, Pós-graduada em Estudos Europeus, Aida Batista tem repartido a sua vida entre África, Europa e América. De Angola, onde viveu desde um ano de idade até 1975, ano em que foi colocada como professora no Sardoal, desempenhou depois o cargo de Leitora de Língua e Cultura Portuguesas no Estrangeiro, ao serviço do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP) e do Instituto Camões (IC).
Esteve colocada na Finlândia, onde foi Leitora de Português durante oito anos, no Canadá onde lecionou durante cinco anos, regressou de novo a Angola onde dirigiu o Centro de Língua Portuguesa em Benguela, após o que regressou ao Sardoal, distrito de Santarém, onde reside atualmente.
No âmbito do seu percurso humanista e multifacetado, a sardoalense tem empreendido uma notável dinâmica na organização de iniciativas ligadas às temáticas da e/imigração, como assevera, por exemplo, o seu contributo na realização do 1.º Congresso “A Vez e a Voz da Mulher Imigrante Portuguesa”, que decorreu alvorecer do séc. XXI no Departamento de Espanhol e Portuguesa da Universidade de Toronto.
Colaboradora da imprensa de língua portuguesa no mundo, como é o caso do Milénio Stadium, um jornal de referência da comunidade luso-canadiana, onde regularmente versa temáticas da e/imigração, Aida Batista é igualmente autora de relevantes obras ligadas ao fenómeno da emigração portuguesa.
Entre elas, salienta-se a biografia de Franco Alvarez, uma das figuras mais conhecidas da numerosa comunidade portuguesa em Toronto, onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá. E o livro Menina e Moça me Levaram, que assenta num conjunto de histórias, contadas na primeira pessoa, de mulheres das mais diversas origens, profissões e faixas etárias, que, levadas por escolhas alheias (salvo raras exceções), passaram por processos migratórios em diferentes contextos geográficos.
O percurso devotado e laborioso da professora Aida Baptista, relembra-nos a constatação de Sigmund Freud, uma das mais importantes personalidades do séc. XX: “não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas”.
DB/RÁDIOILHÉU