Ecclesia – O Papa recebeu hoje, no Vaticano, os participantes da conferência promovida pela Academia Pontifícia Afonsiana, de Roma, pedindo-lhes que falem a “linguagem do povo” e rejeitam uma “moral fria”.
“Fiéis à tradição afonsiana, procuram oferecer uma proposta de vida cristã que, respeitando as exigências da reflexão teológica, não seja uma moral fria, uma moral de escrivaninha, eu diria uma moral “casuística” e digo isso sabendo porque, infelizmente, estudei uma moralidade ‘casuística’ naquela época”, disse Francisco em discurso divulgado pela Santa Sé.
Aos participantes da Conferência “Santo Afonso, pastor dos últimos e doutor da Igreja”, promovida pela Pontifícia Academia Afonsiana, de Roma, o Papa agradeceu o “serviço de formação” oferecido pela Academia à Igreja” e convidou a uma formação que vise “compreender, perdoar, acompanhar e sobretudo integrar”.
“O que se exige de vocês é uma proposta que responda a um discernimento pastoral carregado de amor misericordioso, visando compreender, perdoar, acompanhar e sobretudo integrar (cf. Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, 312). Ser eclesial pressupõe isto: integrar”, afirmou.
O Papa convidou ainda a exercer a paciência da escuta, a não ter medo diante de situações de conflito, a adotar métodos de pesquisa transdisciplinar que permitam “abordar novos desafios com maior competência e capacidade crítica, à luz do Evangelho e da experiência humana” e a usar “linguagem do povo”.
“‘A linguagem do povo’, prestem atenção, não esqueçam do santo povo fiel de Deus; mas não pensem neles como são, não: mas nas tuas raízes que estão no santo povo de Deus. Não esqueça que você foi retirado do rebanho, você é deles. Não esqueça o clima do povo, o pensamento do povo, o sentimento do povo”, defendeu.
Os temas centrais da Conferência, a consciência (moral fundamental), a justiça social (moral social) e a pessoa (bioética), foram assunto no discurso do Papa que indicou ainda a necessidade de “caminhar juntos”.
“Procuremos então entrar com humildade e sabedoria no complexo tecido da sociedade em que vivemos, a fim de conhecer bem sua dinâmica e propor aos homens e mulheres de nosso tempo caminhos adequados de maturação nessa direção (cf. Gaudium et spes, 26). E eu falo de caminhos, caminhos adequados, não de soluções matemáticas. Os problemas se resolvem caminhando eclesialmente como povo de Deus. E caminhar com as pessoas no estado moral em que se encontram”, afirmou.
SN/AE/RÁDIOILHÉU