FLORES | Bloco está preocupado com a falta de compromisso do Governo para a concretização da estação RAEGE
O Bloco de Esquerda está preocupado com a falta de compromisso do Governo Regional para a concretização do projeto da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE) na ilha das Flores. A deputada Vera Pires lamenta que o Governo não tenha um plano a médio prazo para a concretização deste compromisso internacional assumido pela Região e acusa o governo de estar a “navegar à vista” à medida do financiamento externo que for aparecendo.
A concretização deste projeto científico na ilha das Flores – que pode promover a atração de quadros qualificados para a Região e dá aos Açores uma projeção nacional e internacional na área da ciência – foi levado à Comissão de Assuntos Sociais por iniciativa do Bloco de Esquerda, no seguimento de declarações do subsecretário regional da Presidência que referiu não haver interesse dos parceiros internacionais na estação da RAEGE da ilha das Flores.
Mas o Instituto Nacional Geográfico de Espanha – parceiro internacional dos Açores neste projeto –, apesar de não ter sido ouvido hoje no parlamento – desmentiu categoricamente esta afirmação do subsecretário regional, num e-mail enviado ontem à Comissão de Assuntos Sociais.
“Aproveitamos a ocasião para manifestar o grande interesse que o IGN tem no projeto RAEGE e, portanto, na construção e entrada em funcionamento das estações de Yebes, Santa Maria, Gran Canaria e Flores e a sua integração nas redes geodésicas internacionais”, lê-se na comunicação enviada ontem pelo IGN aos deputados.
“Não há margem para dúvidas que o IGN mantém o interesse no projeto, e também não há dúvidas sobre de quem é a responsabilidade de fazer o investimento financeiro na estação das Flores”, disse a deputada do Bloco, citando o memorando de entendimento assinado pela Região e pelo IGN, que refere, sem margem para dúvidas, que o “radiotelescópio, recetores, equipamentos e instalações para a estação geodésica fundamental das Flores” são contribuições do Governo dos Açores.
Tendo o subsecretário regional da Presidência manifestado, entretanto, “a ambição de aumentar, de forma sustentável e responsável, as capacidades da Estação RAEGE” na ilha das Flores, o Bloco de Esquerda procurou esclarecer quais seriam as fontes de financiamento para o investimento a realizar, mas o Governo não adiantou nem valores – além dos 67.000 euros que estão previstos para este ano –, nem um calendário de investimentos, nem conseguiu indicar de forma precisa quais serão as fontes de financiamento.
A RAEGE é um projeto que envolve o Governo Regional dos Açores e o Governo de Espanha – através do Instituto Nacional Geográfico – que consiste na construção, instalação e exploração de quatro estações geodésicas fundamentais: duas em Espanha e duas nos Açores, em Santa Maria e Flores.
O protocolo assinado entre o Governo dos Açores e o IGN de Espanha aponta para a necessidade de investimento na ordem dos 25 milhões de euros para implementar o projeto RAEGE, distribuídos da seguinte forma: 20 milhões da responsabilidade de Espanha, 5 milhões da responsabilidade dos Açores.
Como se pode ler no site da internet da RAEGE-AZ – a associação criada para gerir e coordenar a participação dos Açores neste projeto –, os critérios para a localização das quatro estações da RAEGE são estratégicos, e têm o objetivo de abranger “placas tectónicas diferentes: placa euroasiática (Yebes, Espanha), placa norte-americana (Flores, Açores), a placa africana (Gran Canária, Espanha) e na micro-placa da junção tripla dos Açores (Santa Maria, Açores)”.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU