ATUALIDADE | Bloco considera que caderno de encargo da privatização da SATA é desastroso para os Açores
O Bloco de Esquerda considera que “o caderno de encargos da privatização da SATA Internacional é desastroso” porque não protege os trabalhadores, não garante a manutenção de rotas para o exterior dos Açores e abandona os emigrantes, que dependem quase exclusivamente da SATA para chegar à Região.
Num debate sobre o processo privatização da SATA Internacional, hoje no parlamento, António Lima mostrou preocupação com o futuro das ligações aéreas dos Açores para o exterior: com a privatização da SATA e da TAP, os Açores vão ficar totalmente dependentes do mercado.
“Sem SATA e sem TAP, os Açores ficarão nas mãos do mercado” e a Região perde qualquer poder de influência. O deputado do Bloco salienta que atualmente as companhias aéreas privadas só voam para os Açores porque são pagas pela Região – através da Visit Azores – e o seu poder de negociação vai ficar reforçado quando não houver uma companhia pública a fazer estas rotas.
“Quanto é que os Açores pagam a cada uma das companhias aéreas para voar da América ou da Europa para os Açores?”, perguntou António Lima ao secretário regional das Finanças, acrescentando que “o mercado só vem aos Açores se nós pagarmos”.
O Bloco considera que o desaparecimento da SATA Internacional vai ter um custo social e económico muito elevado, e que apesar de o governo estar constantemente a dizer que está a salvar a SATA, o governo esconde os efeitos negativos que a privatização terá para a SATA Air Açores e para a vida dos açorianos.
António Lima lembra que o PSD criticava os resultados negativos da SATA no passado, mas agora que está no governo os resultados são ainda piores.
O deputado do Bloco considera que o governo podia ter feito muito mais para proteger a SATA e os interesses dos Açores na negociação com Bruxelas.
“Porque não foram a Bruxelas defender que os Açores precisam de uma companhia aérea e que a importância de ter uma companhia aérea pública nos Açores não é a mesma que numa qualquer cidade de Itália ou em Bruxelas?”, disse António Lima.
O Bloco insiste também no erro que foi não colocar no caderno de encargos o que vai acontecer à dívida de 280 milhões de euros da SATA Internacional à SATA Air Açores.
“O governo diz que isso vai ser negociado com o comprador? Que caderno de encargos é este? Vamos pagar 280 milhões de euros, ou mais, para alguém ficar com a SATA Internacional? Isto é que é ser amigo do mercado…”, atirou o deputado.
António Lima criticou ainda o facto de o caderno de encargos não determinar condições para o transporte de doentes em maca, de incubadoras, nem para carga.
“Vamos voltar a depender da Força Aérea para levar um doente de maca? É isso que nós queremos?”, lamentou.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU