ATUALIDADE | Bloco vota contra Orçamento que vai manter os Açores como a região mais pobre e desigual do país
O Bloco de Esquerda vota contra o Orçamento para dar voz “a quem anseia pela mudança que responda aos seus problemas”, disse António Lima, que aponta o aumento de salários, o combate à precariedade, a resposta à crise da habitação, o reforço do Serviço Regional de Saúde, a defesa da SATA pública e uma verdadeira transição ecológica como prioridades a que este governo não dá resposta.
No encerramento do debate sobre o Orçamento, hoje no parlamento, António Lima salientou a contradição dos partidos da direita e extrema-direita, que depois de provocarem eleições antecipadas estão agora novamente juntos para aprovar o mesmo orçamento que rejeitaram há seis meses.
A contradição do Chega é ainda maior, já que ainda esta semana afirmou que os Açores caminham para a “insustentabilidade financeira”.
“Esse caminho para a insustentabilidade financeira tem tido sempre o patrocínio do Chega”, lembrou o líder parlamentar do Bloco.
António Lima destaca que este orçamento vai contribuir para deixar os Açores como a região mais pobre e desigual do país.
Para contrariar este caminho, o Bloco defende que é necessário aumentar o salário mínimo regional e garantir um aumento significativo dos salários da administração pública.
Na área social, o Bloco defende que “é preciso uma nova política social e apoios mais abrangentes”, porque “à medida que o número de beneficiários do RSI desce, a pobreza cresce, a sobrelotação habitacional também” e “há cada vez mais gente a viver cada vez pior e sem apoio”.
Sobre a crise da habitação, um dos principais problemas que as famílias enfrentam, este governo “age como nada se passasse” e recusa-se, por exemplo, a impor limites ao alojamento local.
António Lima criticou a política fiscal que tem sido seguida pela coligação, que baixou os impostos apenas para quem tem rendimentos mais elevados, provocando ao mesmo uma redução da receita da Região que faz muita falta para investir nos serviços públicos.
As dívidas e a falta de investimento são muito preocupantes na Saúde, por isso, o Bloco apresentou uma proposta para a elaboração de um plano de capacitação e modernização do Serviço Regional de Saúde, que acabe de uma vez por todas com o subfinanciamento.
“De outro modo, caminhamos sim, para o abismo. O governo empurra para o privado e para custos incomportáveis com a saúde a grande parte das pessoas”, disse o deputado do Bloco.
Sobre o plano de investimentos da Região, António Lima lamenta que se tenha transformado “numa mera lista de afazeres” em que o governo se comporta como um “procrastinador obsessivo” que “adia tudo o que pode”.
António Lima comparou a vida nos Açores à famosa série juvenil “Uma Aventura”: os que vivem a “aventura da precariedade que adia vidas”, os que trabalham no turismo que vivem “uma aventura no hotel a trabalhar horas sem fim com salário de miséria”, ou os que vivem uma aventura à procura da creche para os filhos.
“Para tanta, mas tanta gente o dia-a-dia é uma verdadeira, dramática e exasperante aventura!”, salientou o deputado do Bloco.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU