AÇORES | Bloco quer SATA recentrada na missão de servir os açorianos e responsabiliza governo por atual situação de descalabro
O Bloco de Esquerda defende um novo plano de negócios para a SATA, que recentre o grupo na sua missão de servir os Açores e os açorianos, abandonando a privatização. António Lima mostrou-se muito preocupado com a atual situação da SATA e lembra que “por diversas vezes o Bloco alertou para o descalabro que se avizinhava”.
Numa conferência de imprensa realizada esta tarde em Ponta Delgada, o deputado do Bloco acusou o governo da coligação de ser o responsável pela atual situação da SATA: foi este governo que negociou e aprovou o plano de reestruturação e que escolheu os membros do conselho de administração.
António Lima salienta que “os gigantescos problemas operacionais da SATA não se justificam apenas pelos imprevistos – que sempre acontecem – mas por uma incapacidade de planear uma operação dimensionada à frota existente, à sua manutenção e renovação e aos recursos humanos existentes no grupo” e “são um sintoma de um problema de fundo nas empresas do grupo”.
O Bloco de Esquerda exige explicações sobre algumas decisões da SATA, nomeadamente a abertura de “novas rotas, muitas sem qualquer interesse para a região” e com recurso sistemático a ACMIS – aluguer de avião com tripulação a outras companhias.
“No que respeita à operação e às rotas que têm sido anunciadas, temos sérias dúvidas quanto à necessidade de operar rotas entre o Porto e os EUA e entre a Madeira e os EUA, para além de rotas dos Açores para várias cidades europeias”, afirmou o deputado do Bloco.
O recurso sistemático a ACMI “é um caminho que já foi feito no passado com resultados desastrosos para o grupo SATA” e que o Tribunal de Contas, na auditoria ao grupo SATA entre 2013 e 2019, aponta como um motivo para aumento de custos.
António Lima não compreende porque é que, no “momento absolutamente crítico da vida da companhia aérea, a SATA não tem uma administração em plenas funções e nomeada de acordo com a lei”. Uma “situação impensável” e uma irresponsabilidade do governo, acrescentou.
Por isso, o Bloco propõe a nomeação imediata de um presidente e dos restantes membros para o Conselho de Administração.
A situação atual da SATA é também resultado do plano de reestruturação que o governo negociou com a Comissão Europeia, que implica a privatização, e “que nenhum açoriano conhece”. Por isso, o Bloco insiste na necessidade de o governo divulgar imediatamente este documento.
António Lima reiterou a posição do Bloco de Esquerda contra a privatização: “Privatizar a SATA não é credível. Nenhum grupo de aviação com credibilidade quer comprar a SATA Internacional. A tentativa de privatização “é perder tempo” e “estar a atrasar uma solução para a SATA”.
O Bloco lembra que as três tentativas de privatização falharam e que, se o governo insistir neste caminho, só se for mesmo com o objetivo de “enterrar a SATA”.
António Lima exige também a divulgação do plano de renovação da SATA Air Açores, que é uma necessidade urgente da companhia aérea regional.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU
