Em São Jorge, o Rancho de Romeiras de Nossa Senhora do Rosário do Topo sai pela primeira vez com pernoite na noite de 24 para 25 de fevereiro
As romarias quaresmais, típicas dos Açores, estão cada vez mais alargadas às mulheres. Embora não existam ranchos mistos, também as mulheres já pernoitam durante o tempo do caminho. É o caso do Rancho de Romeiras de Nossa Senhora do Rosário, do Topo, na ilha de São Jorge. Este ano depois da primeira saída em 2021, durante um dia, as 27 romeiras irão percorrer a ilha em dois dias. Saem na madrugada de 24 de fevereiro da Igreja de São Tiago, na Ribeira Seca e seguem até às Manadas, onde pernoitarão em casas de famílias que as acolhem. Parte no dia seguinte em direção ás Velas a onde terminarão a romaria.
O grupo tem diferentes faixas etárias dos 11 aos 64 anos, afirma Sandy Ramos a Mestre do grupo que já participou nas romeiras do Rancho de Romeiras de Nossa Senhora da Conceição em Angra.
“Fizemos e vamos voltar a fazer a romaria com elas” admite a mestre jorgense que acolhe com entusiasmo a romaria deste ano.
“Vai ser uma aventura mas a verdadeira romaria começa na preparação” refere. O Rancho, assistido espiritualmente pelo pároco, padre Dinis Silveira, ele próprio um entusiasta das romarias, reúne uma vez por mês e agora, quando se aproxima a data da saída, as reuniões intensificam-se.
“Nos não podemos ser romeiras apenas quando caminhamos” refere a dirigente que espera que esta romaria dê frutos na vida das romeiras.
O Rancho de Romeiras de Nossa Senhora do Rosário do Topo é mais um que se junta aos ranchos da Fajã de Cima, em São Miguel, Romeiras da Conceição, de Angra do Heroísmo ou de outros grupos de caminhantes que durante um dia da Quaresma percorrem largas distâncias. Estes ranchos mais organizados já têm pernoitas, ficando quase sempre em casa de famílias ou em salões paroquiais
Um dos primeiros grupos de “romeiras” foi criado na paróquia de Santa Clara, em Ponta Delgada, e mobilizou desde sempre muitas centenas de peregrinos.
As romarias quaresmais açorianas terão surgido na sequência de terramotos e erupções vulcânicas ocorridas no século XVI na ilha de São Miguel, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande.
Milhares de homens, organizados em ranchos, por freguesia, dão a volta à ilha, a pé, rezando o terço, durante oito dias, parando em todas as igrejas e dormitando nos lares das comunidades por onde passam, onde são acolhidos voluntariamente.
Contrariamente às romarias masculinas, as femininas têm uma duração inferior a 24 horas.
IA/RÁDIOILHÉU