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AÇORES | Criação de estratégia local para o mar proposta durante mesa-redonda sobre Economia Azul no Faial

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As atividades económicas ligadas ao mar estiveram em análise durante uma mesa-redonda que aconteceu no âmbito do evento “Faial: Descobrir a História, Pensar o Futuro”, promovido pela Associação de Turismo Sustentável do Faial e pela Horta Histórica, e que contou com a participação de vários agentes da economia do azul.

Nesta mesa-redonda, onde foram abordados temas como as políticas públicas dirigidas ao mar, as pescas, a náutica de recreio, a investigação científica e o turismo, o diretor regional de Políticas Marítimas defendeu que “se pode pensar numa estratégia para o mar a nível local, a nível de ilha”.

Segundo Mário Rui Pinho, “fazia sentido a comunidade organizar-se com uma estratégia ao nível de ilha, com objetivos, metas e financiamento”. A este propósito, referiu, por exemplo, que “é difícil recrutar mão-de-obra especializada para trabalhar no Faial por falta de casas” disponíveis, acrescentando que este tipo de “problemas estruturais também são economia azul, e requerem parceiros como a câmara municipal”. 

Presente no encontro esteve também a nova diretora executiva da Escola do Mar dos Açores (EMA) que revelou que, entre maio de 2021 e outubro de 2022, foram promovidas 66 ações formativas, envolvendo 573 formandos, “que passaram pelo Faial e contribuíram para a economia local”.

Ana Paula Rodrigues garantiu que a oferta formativa “vai crescer” e que serão criadas novas parcerias, salientando que “um dos propósitos” da EMA é “formar com qualidade”. “A Escola do Mar é um elemento diferenciador dos Açores e é nosso propósito colocá-lo no contexto internacional”, concluiu. 

Gui Menezes, diretor do Okeanos, que se tornou instituto autónomo em junho deste ano, defendeu que esta “também é uma entidade diferenciadora nos Açores, com um conhecimento acumulado de 40 anos em ciências do mar” e salientou “o grande contributo” da instituição para a economia azul na Região.

“Com a ciência que se produz, com as que pessoas que cá vivem, com as campanhas internacionais de investigação que passam por aqui, contribuímos com milhões para a economia dos Açores”.

Gui Menezes referiu que o Okeanos conta, atualmente, com cerca 155 pessoas, entre doutorados, contratados, técnicos e estudantes de doutoramento, mas alertou para “o envelhecimento do corpo de investigação e de docência” e lamentou “a precariedade dos investigadores”. “É um problema que cria angústias para o futuro”, afirmou, lembrando que “há 30 anos que não entra ninguém para os quadros” daquela instituição.  

Investigação no Okeanos: “Da bactéria à baleia azul”

Gui Menezes explicou que “grande parte da investigação” realizada pelo Okeanos incide sobre mar profundo, o mar aberto e sobre as costas das ilhas, referindo que “o ‘core business’ é muito variado e com uma abrangência grande”.

“Desde a bactéria até à baleia azul, da biologia molecular à ecologia, temos uma forte componente de trabalhos ligados à ecologia das espécies, que resultam em políticas de conservação, e temos muito trabalho ao nível das tecnologias e do rastreamento dos animais marinhos, utilizando marcas electrónicas e por satélite”, informou, destacando, também, o trabalho nas áreas da oceanografia e das pescas. 

Neste âmbito, referiu também “a componente muito forte no apoio à decisão”, nomeadamente o trabalho de assessoria e aconselhamento, bem como os programas de monitorização de recursos pesqueiros.

Nesta mesa-redonda participaram, ainda, o presidente da Associação de Produtores de Espécies Demersais dos Açores (APEDA), Jorge Gonçalves, o presidente do conselho de administração da Portos dos Açores, Rui Terra, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Horta, Francisco Rosa. 

ATSF/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.