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ATUALIDADE | Bloco considera que nomeação de familiar do administrador do HSEIT foi situação clara de “falta de ética”

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O Bloco de Esquerda considera que a nomeação da esposa do presidente do Conselho de Administração do Hospital da Terceira para um cargo de direção naquela unidade de saúde é mais uma situação de “promiscuidade, favorecimento e falta de ética” na administração e empresas públicas permitida pelo atual governo. A deputada Alexandra Manes assinalou o facto de esta nomeação de um familiar direto só não ter sido concretizada devido à pressão da opinião pública e não pelo reconhecimento da falta de ética e transparência do processo.

O presidente do Conselho de Administração admitiu hoje, em audição no parlamento, que, caso a esposa não tivesse renunciado ao cargo, o Conselho de Administração manteria a sua decisão de colocá-la, sem concurso público, como diretora do Serviço de Gestão de Utentes do Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT).

A deputada do Bloco de Esquerda lamentou as declarações do presidente do Conselho de Administração: “Dizer que não há estranheza na nomeação de um familiar direto, causa-me confusão”.

Anteriormente, a própria nomeada, de acordo com informações que vieram a público, justificou a recusa ao cargo com o facto de não ter sido “bem aceite pela comunidade”, e não pelo reconhecimento do conflito de interesses e pela falta de ética da situação.

O Bloco de Esquerda assinala ainda o facto de o presidente do Conselho de Administração do HSEIT ter admitido a existência de casos de favorecimento noutras nomeações para a administração pública. No entanto, confrontado com a nomeação da sua esposa pelo órgão a que ele próprio preside, considerou que a falta de ética está no facto de alguém ficar impedido de exercer um cargo só por ser familiar de quem dirige a instituição.

Questionado sobre o facto de não ter sido realizado um concurso público para o cargo de direção em causa – método que o HSEIT utilizou no passado por diversas vezes para cargos de direção – o presidente do Conselho de Administração do HSEIT considerou que o processo de uma nomeação era mais transparente.

Questionado também esta manhã na Comissão de Assuntos Sociais sobre este assunto, o secretário regional da Saúde e Desporto nunca revelou se, caso a nomeada não tivesse recusado o cargo por pressão da opinião pública, o Governo iria permitir a sua manutenção no cargo.

Se por um lado, o secretário regional da Saúde afirmou que defende que os cargos de direção devem ser preenchidos através de concurso e afirmou ser contra a nomeação de familiares diretos, por outro, considerou que a avaliação da ética é uma questão pessoal, atirando as responsabilidades desta nomeação para o próprio Conselho de Administração do HSEIT.

A deputada Alexandra Manes assinalou que estas declarações do secretário regional da Saúde “talvez ajudem a perceber muitas situações de ética duvidosa por parte deste governo em diversos departamentos”.

Segundo o presidente do Conselho de Administração do HSEIT, o presidente do Governo Regional já sabia da recusa por parte da nomeada em aceitar o cargo quando, em declarações à comunicação social afirmou que a nomeação não era aceitável e que seria resolvida, o que levanta muitas dúvidas sobre o teor destas declarações: o presidente do Governo estava a anunciar que ia tomar a iniciativa de resolver a situação porque não concordava com a nomeação, ou estava apenas a comunicar que o assunto estava resolvido porque a nomeada já tinha anunciado a sua renúncia ao cargo.

Perante estas declarações do presidente do Conselho de Administração do HSEIT, o secretário regional disse desconhecer se o presidente já sabia da renúncia ao cargo pela esposa do administrador.

BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.