A situação política em Portugal está a ser noticiada em todos os meios de comunicação, tanto nacionais como internacionais. A decisão inesperada de António Costa ao demitir-se teve impacto nos mercados de capitais, algo não muito comum, uma vez que a bolsa portuguesa tende a reagir muito pouco à esfera política nacional.
No entanto, numa altura em que os desafios económicos deverão aumentar, os escândalos de corrupção e o risco de instabilidade política no país fizeram com que os investidores de retalho entrassem em “panic sell” após as notícias que davam conta da demissão do primeiro-ministro, uma vez que nos encontramos numa situação de aprovação do orçamento de estado. O país vai entrar em eleições antecipadas, mas não se espera que os resultados das eleições possam ter grande impacto na bolsa portuguesa.
Reação do mercado à demissão do primeiro-ministro. Fonte: Koyfin
Nos mercados, após o sell-off, a bolsa portuguesa tem estabilizado. As últimas 2 sessões têm sido marcadas por ganhos moderados, com os compradores a tentarem recuperar parte das perdas, e as empresas mais afetadas a recuperarem quase as suas quedas iniciais.
Por outro lado, no mercado secundário de dívida, os movimentos são ainda mais interessantes. Apesar de toda a volatilidade registada nos últimos dias, as yields tiveram um comportamento oposto ao que se poderia esperar. As yields de referência a 10 anos continuam a recuar e, pelo menos para já, afastam o cenário de perda de credibilidade do país nos mercados internacionais, o que poderia ter um impacto negativo nos juros da dívida portuguesa.
Evolução dos juros da dívida pública a 10 anos. Fonte: Koyfin