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TERCEIRA | Direção do Rádio Clube de Angra vai propor extinção da Instituição 

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Ao fim de 25 anos sem passar por tais dificuldades, o Rádio Clube de Angra – Instituição  de Utilidade Pública sem fins lucrativos, à beira de completar 78 anos de existência – volta a viver uma situação de profundas dificuldades financeiras. 

Com custos fixos de manutenção muito elevados, com cada vez mais encargos (como  agora o novo pagamento das taxas dos direitos conexos), com cada vez menos  colaboradores disponíveis para contribuir para a vida da estação de radiodifusão, com  um afastamento total dos associados e com uma despreocupação da sociedade civil  terceirense relativamente à Instituição, eis que dezembro de 2024 ficará marcado pela  impossibilidade líquida de pagar vencimentos aos apenas 4 funcionários e as demais  contas e contribuições. 

As receitas do Rádio Clube de Angra são, maioritariamente, resultantes de contratos de  prestação de serviços na área da publicidade comercial, mas têm vindo a reduzir de  forma significativa, por opção do próprio tecido empresarial local.  

Os apoios públicos (Governo Regional) são escassos e tardam a ser pagos, como se  verifica, neste ano de 2024, em que não foi feito qualquer pagamento no âmbito da  candidatura apresentada e aprovada ao PROMEDIA – Programa Regional de Apoio à  Comunicação Social Privado da Região. 

Esperando que o apoio extraordinário que a Região Autónoma aprovou possa ser  recebido com a máxima urgência, para liquidação das contas e pagamentos referentes  aos mês de dezembro de 2024, a Direção do Rádio Clube de Angra não vê alternativa  que não seja propor à Assembleia Geral de associados – que terá de decorrer entre o  final de janeiro e início de fevereiro de 2025, a extinção da Associação, por forma a evitar  entrar em caminhos de acumulação de dívidas, como se verificou no passado. 

A Direção do Rádio Clube de Angra tem tentado o que está ao seu alcance para manter  viva “A Voz da Terceira”, mas nem os associados, nem a sociedade civil terceirense se  têm manifestado preocupada com a sobrevivência desta Instituição. 

O Rádio Clube de Angra nasceu há 78 anos do movimento livre e empenhado da  sociedade; passados estes anos e todas as mudanças sociais verificadas, a Instituição  parece já não ser essencial à Ilha Terceira e aos Açores e, sendo assim, como em tudo  na vida, estará na hora de declarar o seu fim, evitando situações dramáticas como as  que a Instituição já vivenciou de longos meses de ordenados em atraso, contas a  fornecedores por liquidar e dívidas a entidades públicas que, como se sabe, existindo,  são o primeiro passo para o total bloqueio ao seu funcionamento.

Esta não era a “prenda” que gostaríamos de dar, principalmente aos funcionários e  colaboradores da Instituição, nem aos seus sócios e ouvintes, mas os factos comprovam  à saciedade a impossibilidade de continuar a gerir uma Instituição que tem, fruto das  opções políticas e burocráticas da contemporaneidade, cada vez mais despesas e cada  vez menos receitas. 

Na última Assembleia Geral do Rádio Clube de Angra, em fevereiro de 2024, um dos  pontos da Ordem de Trabalhos era o debate sobre todas as dificuldades já sentidas pela  Instituição e a ponderação sobre o seu eventual encerramento. Exceto honrosa meia  dúzia de associados diferentes dos habitualmente presentes no órgão máximo da “Voz  da Terceira”, não chegaram a duas dezenas os sócios presentes (de um universo de 451  sócios ativos).  

Um ano depois, apesar de todos os esforços promovidos pela Direção, dos eventos  organizados na tentativa de angariação de fundos, das prestações de serviços em  emissões especiais e da manutenção da cobertura de eventos únicos no espetro  radiofónico local, regional e nacional (como transmissões de corridas de toiros, ralis,  festividades populares e carnaval, entre outras), não há dinheiro para pagar contas; pior,  não há dinheiro para pagar ordenados. 

Sendo assim, para além da realização de eleições para os órgãos sociais do Rádio Clube  de Angra – que terão de realizar-se na próxima Assembleia Geral – e face ao desinteresse  manifestado em prol da Instituição, a Direção vai solicitar a inclusão de um ponto na  Ordem de Trabalhos de tal reunião magna, colocando em cima da mesa a extinção do  Rádio Clube de Angra – “A Voz da Terceira”! 

RCA/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.