SÃO MIGUEL | “Opção do governo pelo hospital modular quando havia relatório que garantia abertura mais rápida do HDES é muito grave”
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António Vasco Viveiros, ex-administrador do HDES, revelou hoje no parlamento que o governo regional sabia que, após o incêndio, seria mais rápido reabrir o edifício principal do hospital do que instalar o hospital modular. O Bloco de Esquerda insiste que a opção do governo pelo hospital modular, que ignorou e contrariou relatórios técnicos que apontavam para a rápida reabilitação do edifício principal como a solução mais rápida, foi errada e está a ter impactos muito graves porque está a pôr em causa a saúde de milhares de açorianos.
O Bloco considera que os factos conhecidos hoje nesta audição são muito graves e colocam em causa as decisões do governo regional e do conselho de administração do HDES em relação à opção pela instalação do hospital modular.
As declarações do ex-administrador do HDES, que foi afastado do processo relacionado com o hospital modular – tal como a anterior presidente do conselho de administração – por discordar da opção, são muito claras: os relatórios dos serviços de engenharia demonstraram que seria possível abrir todos os serviços do HDES, incluindo urgência e blocos operatórios, no mês de agosto de 2024, nas mesmas condições que havia antes do incêndio.
“Vendeu-se a ideia de que o hospital modular seria mais rápido do que reabilitar o HDES”, afirmou o ex-administrador, que também foi deputado do PSD no parlamento dos Açores. Mas os relatórios dos serviços técnicos indicavam o contrário e foi o que se veio a confirmar, porque “em agosto ficou concluída a reposição das condições do HDES antes do incêndio”.
O Bloco sempre afirmou que todos os recursos deviam ser canalizados para a reabertura do edifício do HDES, para garantir a reposição da capacidade de resposta que havia antes do incêndio.
Entre as muitas revelações feitas hoje pelo ex-administrador do HDES, salienta-se, por exemplo, a informação de que os resultados das medições da qualidade do ar nas seis salas do bloco operatório, após reparação por empresa especializada, no mês de agosto, mostram que a qualidade do ar estava melhor do que antes do incêndio.
O Bloco considera muito grave que, perante esta informação técnica, se tenha optado por manter o bloco operatório encerrado, justificando com a falta de qualidade do ar, quando na verdade, este parâmetro estava melhor do que quando a sala estava em plena utilização, antes do incêndio.
Esta decisão reduziu imenso a capacidade de realizar cirurgias, deixando muitos utentes sem a possibilidade de obter tratamentos atempados.
António Vasco Viveiros deixou também críticas ao processo de escolha da empresa que construiu o hospital modular, considerando que teria sido mais vantajoso haver uma consulta ao mercado para escolher o hospital modular e os equipamentos a instalar.
Também em relação ao plano funcional para o que será o futuro hospital, o ex-vogal do Conselho de Administração do HDES criticou o facto de ter sido elaborado à pressa e de forma não participada, o que pode trazer grandes problemas no futuro.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU