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SÃO MIGUEL | Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas promove IN(opeRA)VEL, de Sara Ross e Tiago Schwäbl

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O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas apresenta IN(opeRA)VEL, uma ópera contemporânea integrada no Festival Prolífica, que terá lugar no próximo domingo, 16 de fevereiro, às 18h, na Blackbox. Com música de Sara Ross, texto de Tiago Schwäbl e encenação de Joana Providência, a obra será interpretada pelos solistas Nataliya Stepanska e Tiago Matos, acompanhados pelo Ensemble Arquipélago Cromático composto por Dina Hernandez (flauta), Derek Aguiar (trompa), Joana Ribeiro (harpa), Leonardo Carvalho (caixa), Ana Paula Sousa (violino) e Natália Ferraz (violoncelo).

Esta ópera desenvolve-se a partir de duas premissas: Maurice Ravel, 53, desafiado por Ida Rubinstein a compor um fandango, devolve-lhe um bolero. Nos anos seguintes vai perdendo os gestos e a fala. Em 1937 morre sem palavras. Anne Adams, 53, ouvindo compulsivamente Ravel, pinta o quadro Unravelling Bolero. Aos 60, é-lhe diagnosticada afasia progressiva primária. Em 2007 morre sem palavras.

IN(opeRA)VEL introduz a justaposição desta coincidência, que pode, inclusive, nem coincidir. É antes o vislumbre de um paralelismo — temporal, sonoro, obcecado, sintomático —, forçado aqui a partilhar o mesmo cronómetro decrescente. O vínculo entre Adams e Ravel estabelece-se no som e na ausência de palavras, no bolero e na consequência afásica que lhes aconteceu. Enquanto Anne Adams se refugia nas cores, Maurice Ravel encontra caminhos e sinais nos poemas lidos e decorados na sua juventude. O maior crescendo da história da música surge agora invertido, acompanhando as personagens na sua cedência ao silêncio; no entanto, preservam-se a estrutura melódica e os trezentos e quarenta compassos em implacável contagem decrescente.

ACAC/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.