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SÃO MIGUEL | Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas inaugura exposição “Lourdes Castro: Existe Luz na Sombra”

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No próximo dia 13 de setembro de 2025, pelas 16h00, no Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas dos Açores, abrirá publicamente, a exposição “Lourdes Castro: Existe Luz na Sombra”. Esta exposição, a primeira de um ciclo dedicado a Lourdes Castro, percorrerá vários pontos do país tendo a sua apresentação de estreia nos Açores.

Lourdes Castro: Existe luz na sombra, tem curadoriade Márcia de Sousa e como matriz comum a mostra realizada no MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira entre 2022-23, “Como uma ilha sobre o Mar: Lourdes Castro”, exposição evocativa da memória e percurso desta artista que motivou o desenho de um projeto de itinerância nacional de um ciclo de exposições e outras iniciativas que têm por base o seu legado pessoal. Desta forma os parceiros desta iniciativa, procuram, não apenas, criar memória sobre uma das mais relevantes artistas que o século XX português viu nascer, mas também dar a conhecer momentos do seu percurso de vida e carreira artística, menos conhecidos do grande público, tendo por mote uma seleção, de elementos documentais provenientes do arquivo pessoal da artista, pouco vistos ou, em casos, de apresentação inédita ao público.

Sem a pretensão de se evocar como um projeto de carácter antológico, este ciclo de exposições articula-se, em jeito de uma homenagem póstuma, permitindo acesso público a uma parte do legado pessoal desta artista, cortesia da família de Lourdes Castro. Apresentará uma seleção de obras arte, objetos pessoais e documentos, provenientes, na sua maioria do acervo particular de Lourdes Castro e, também, reunidos através da colaboração de várias instituições nacionais e de particulares, que gentilmente acederam ao convite do MUDAS.Museu para participar nesta iniciativa, com o objetivo de compor uma leitura transversal sobre o percurso artístico de Lourdes Castro.

Entre as instituições que terão obra de Lourdes Castro dos seus acervos presente neste projeto, relevam-se a Fundação de Serralves, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, o Museu Nacional do Azulejo, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Coleção Caixa Geral de Depósitos – CULTURGEST, o Núcleo Museológico do Palácio de São Lourenço, o Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, o Banco Santander, o MAC-CCB, o Centro de Arte Contemporânea de Coimbra, o Centro de Arte Oliva, os CTT-Correios de Portugal, a Associação de Coleções, Fundação Berardo (Museu Monte Palace-Madeira),  a Galeria 111 e a Galeria Ratton,  entre outras instituições.

Sobre o incontornável percurso de Lourdes Castro, recorde-se que nasceu na Madeira em 1930. Frequentou o curso de Pintura na ESBAL, mas abandonou-o em 1956. No ano seguinte, partiu com René Bertholo, Costa Pinheiro e outros jovens artistas portugueses subsidiados pela Fundação Gulbenkian para a Alemanha (Munique), fixando-se poucos meses depois em Paris (1958), acompanhada apenas por René Bertholo. Juntos fundaram o grupo e a revista KWY (1958-1963). Nesta fase da sua linguagem estético-formal, predominava uma pintura abstrata de raiz informalista, à qual se seguiria um lento, mas progressivo regresso à neo-figuração.

O percurso de Lourdes Castro baseou-se no abandono dos suportes e disciplinas mais tradicionais, optando por um trabalho interdisciplinar iniciado em “assemblages” de origem neo-dada, contextualizadas pelo “nouveau réalisme” francês, passando por um processo de afirmação subtil em torno do perfil possível de objetos e pessoas contornadas apenas pelas suas Sombras, temática de referência essencial a partir dos anos 60 e que se manterá constante, prolongando-se até ao fim da sua vida.

Em lençóis, plexiglas, rhodoids, linóleo ou acrílico fluorescente recortado, Lourdes Castro amplificava a dimensão bidimensional do objeto ou forma representada, conferindo-lhe uma nova espessura ou tridimensionalidade visual. Desta forma abandonou a questão primordial da representação.

Com a sua prática artística a autora transformou de forma paradoxal o debate e subsequentemente o entendimento que até então de fazia sobre a objetualização e, in extremis da desmaterialização da arte.

A sua obra está representada em vários museus e galerias um pouco por todo o mundo, entre os quais o Victoria e Albert Museum (Londres); Museu de Arte Moderna (Havana); Museu de Arte Contemporânea (Belgrado); Museu Nacional de Varsóvia(Polonia); Museu Nacional de Breslávia (Vroclaw) e Lódz (Polonia);  Museo de Arte Moderno Jesus Soto, em Bolívar (Venezuela); o Nouveau Musée National de Monaco; Centro de Arte Moderna -Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa); Fundação de Serralves (Porto), o Museu Carlos Machado (Açores); o MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira, a Coleção Manuel de Brito (Galeria 111), Lisboa, entre outros.

Recebeu, igualmente, vários prémios, distinções e condecorações, tais como a Medalha do Concelho Regional Salon de Montrouge, Paris (1995); o Grande Prémio EDP, Lisboa (2000); o prémio CELPA/Vieira da Silva – Consagração (2004); foi distinguida com o Prémio Artes Visuais pela Associação Internacional de Críticos de Arte (2004); o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes (2015); a Condecoração com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura português (2021) e foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada pelo Presidente da República Dr. Marcelo Rebelo de Sousa (2021).

Morre em 8 de janeiro de 2022, com 91 anos, deixando um legado incontornável para a história da arte contemporânea portuguesa[1].

NOTA:

Este projeto é financiado pela DGARTES através da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) e resulta de uma parceria do Governo Regional da Madeira, (SRETC-DRC), por via do MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira (organização, produção e direção artística) e o Governo Regional dos Açores [Direção Regional de Cultura – DRAC], através do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (acolhimento de exposição)  e a Sociedade Nacional de Belas Artes (acolhimento de exposição).  Também parceiros deste projeto são a Câmara Municipal da Calheta (Madeira), a Associação dos Amigos da Arte Inclusiva – Dançando com a Diferença (AAAIDD) – companhia de dança residente no MUDAS.Museu, a Secretaria Regional de Educação Ciência e Tecnologia da Madeira (Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas), a Universidade dos Açores e a Movecho.

Este ciclo de exposições tem, como referido no corpo do comunicado de imprensa, a sua apresentação de estreia nos Açores, em São Miguel, no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (ACAC), seguindo posteriormente para Lisboa onde será apresentada da Sociedade Nacional de Belas Artes. Antes de regressar à Madeira, passará por Viseu ao abrigo de uma colaboração interinstitucional (extra à matriz inicial deste projeto) com o Museu Nacional Grão Vasco.

ACAC/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.