O Secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, participou hoje no XV Encontro Nacional de Riscos, no concelho da Povoação, na ilha de São Miguel, subordinado ao tema “Risco de Movimentos em Vertentes – Aprender com o Passado”, organizado pela Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança.
O governante relembrou “a data de 31 de outubro de 1997 assinalando assim a passagem dos 25 anos de um dos eventos mais catastróficos que ocorreram na região num passado recente, em resultado de eventos de instabilidade geomorfológica”, na Ribeira Quente, “fruto de um episódio de precipitação intensa que desencadeou centenas de movimentos de vertente, um dos quais ceifou a vida a 29 pessoas, provocando ainda sete feridos, o desalojamento de mais de meia centena de pessoas e provocando prejuízos diretos e indiretos avaliados em mais 21 milhões de euros”.
“Este tipo de fenómeno tem afetado as nossas populações desde o início do povoamento das ilhas. Ainda muito recentemente se assinalaram os 500 anos da ocorrência da escoada detrítica que soterrou Vila Franca do Campo, a 22 de outubro de 1522 e que se estima que possa ter sido responsável pela morte de cerca de cinco mil pessoas”, lemboru.
O Secretário Regional enalteceu a postura dos açorianos, dizendo “que viver nos Açores é saber lidar” com a exposição “a uma enorme diversidade de perigos naturais, o que ao longo da história da presença nestas ilhas resultou em populações resilientes e com uma grande capacidade adaptativa”.
E prosseguiu: “É, aliás, exemplo disso mesmo a população da Ribeira Quente, que com paixão pela sua terra, com muita coragem e resiliência, teve capacidade para reconstruir e ultrapassar as enormes dificuldades”.
O governante realçou “que passados 25 anos da tragédia verificada na Ribeira Quente, apesar de muito estar por fazer, fruto da evolução tecnológica e de um conjunto de políticas públicas implementadas, verifica-se uma evolução extraordinária em aspetos absolutamente fundamentais para a salvaguarda, proteção e auxílio às populações afetadas em cenários de catástrofe”.
Alonso Miguel referiu, na sua intervenção, alguns exemplos recentes e determinantes para melhorar significativamente a capacidade de salvaguarda das populações açorianas, tais como a construção do novo Quartel de Bombeiros da Povoação, concretizada através de um investimento do Governo Regional, bem com a empreitada da segunda fase do ramal de acesso à Ribeira Quente, que deverá ficar concluída no próximo ano, com um investimento de cerca de 5,5 milhões de euros.
“Está também em curso o procedimento, por parte do IPMA, para instalação de dois radares meteorológicos de polarização dupla, em São Miguel e nas Flores, até ao final de 2023. Um investimento de cerca de 5,5 milhões de euros, que, em complemento à instalação do radar meteorológico da Serra de Santa Barbara, na Ilha Terceira, em 2020, permitirá concluir a rede regional de radares e dar resposta a uma pretensão antiga da região, aumentando significativamente a nossa capacidade de previsão meteorológica e garantindo uma cobertura integral do arquipélago”, prosseguiu.
Alonso Miguel terminou realçando os projetos da Secretaria que tutela, “que permitirão dotar a região de instrumentos fundamentais para melhorar a capacidade de previsão, monitorização e mitigação do risco associado a movimentos de vertente e outros perigos naturais, como, por exemplo, o Projeto Azmonirisk, os projetos para criação de cartografia de risco para a mitigação e adaptação às alterações climáticas e para implementação de um sistema de alerta de cheias em bacias hidrográficas de risco, ou ainda o regime jurídico-financeiro de apoio à emergência climática totalizando um investimento superior a quatro milhões de euros no Plano e Orçamento para 2023 ”.
GRA/RÁDIOILHÉU