SÃO JORGE | Crise Sismovulcânica “continua acima dos valores de referência” e há “existência de alguma deformação na área epicentral”
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que a crise sismovulcânica que se tem vindo a registar desde as 16:05 (hora local = UTC-1) do dia 19 de março na parte central da ilha de São Jorge, mais concretamente ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE, num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, continua acima dos valores de referência.
O sismo mais energético desta crise ocorreu no dia 19 de março, às 18:41 (hora local = UTC-1), teve epicentro a cerca de 2 km a NNW de Urzelina e uma magnitude 3,3 (Richter). Até ao momento foram identificados cerca de 182 sismos sentidos pela população.
Ao longo do dia de ontem, 24 de março, a análise preliminar dos registos sísmicos permitiu contabilizar cerca de 2311 eventos. Entre as 00:00 e as 22:00 de ontem foram contabilizados aproximadamente 770 eventos, o que reflete uma ligeira diminuição da atividade sísmica. Todos os sismos registados até ao momento são de baixa magnitude e evidenciam uma origem de natureza tectónica.
A campanha de medição de gases e temperatura no solo que o CIVISA vem desenvolvendo desde o início desta crise na área epicentral não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia, continuando os levantamentos de campo a decorrer nos próximos dias.
No âmbito da monitorização geodésica, o CIVISA, em colaboração com outras entidades, encontra-se a reforçar a rede de observação baseada em estações GNSS e a proceder ao tratamento de imagens de satélite. Os dados existentes até à data corroboram as observações sismológicas ao indiciarem a existência de alguma deformação na área epicentral.
A integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reativadas, sendo de admitir a ocorrência de uma intrusão magmática em profundidade.
O CIVISA alerta para a possibilidade de ocorrência de sismos que podem atingir magnitudes mais elevadas do que as registadas até ao momento, assim como para o perigo de ocorrência de derrocadas potenciadas pela atividade sísmica e pelas adversas condições meteorológicas que afetam o arquipélago. Existe a possibilidade real de se poder vir a registar uma erupção vulcânica, mas não há evidências de que tal esteja iminente.
Pelo exposto o CIVISA encontra-se em ALERTA V4 desde as 15h30 do dia 20 de março.
CIVISA/RÁDIOILHÉU