SANTA MARIA | IL. Nuno Barata diz que “é preciso fazer diferente” para se obterem “resultados diferentes”
O Deputado da Iniciativa Liberal no Parlamento Açoriano, Nuno Barata, exorta o Governo Regional de coligação a “fazer diferente” para resolver problemas que se arrastam, em diversas áreas e em diferentes ilhas, nalguns casos, “há mais de 20 anos”, sem que as respetivas tutelas tenham dado quaisquer respostas, apontando que Santa Maria tem problemas crónicas semelhantes a outras ilhas da Região.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita de 5 dias à ilha mais oriental do arquipélago, o Deputado liberal salientou a importância “de fazer diferente, para se obterem resultados diferentes”, apontando que “o denominador comum” que tem recebido pelas diferentes ilhas que tem visitado “prende-se com a frase mais ouvida em muitas instituições por onde tenho passado: os nossos problemas são os mesmos há mais de 20 anos e ninguém nos ouve e ninguém nos dá respostas”.
Ora, frisa Nuno Barata, “o que vamos fazer é contribuir, com as nossas iniciativas ou com a nossa magistratura de influência, para alterar o modus operandi que tem vindo a ser seguido. Todos me dizem que há 20 anos que tem os mesmos problemas, que há 20 anos que andam a apresentar à tutela os problemas, mas que não têm tido resposta. Se este Governo Regional, passados quase dois anos de mandato, continuar a lidar com estes problemas da mesma maneira que o anterior governo lidou durante 20 anos, certamente, que não vamos mudar nada. A nossa intenção é contribuir para alterar este modo de fazer, porque só fazendo diferente se conseguem resultados diferentes”.
Os liberais apontam exemplos comuns às diferentes ilhas por onde têm passado: falta de valorização do trabalho dos bombeiros; abandono dos setores da educação e da saúde; falta de fiscalização das zonas marinhas protegidas e das zonas de pesca; problemas ao nível das redes viárias, entre outros.
Em Santa Maria, Nuno Barata lembrou que o Parlamento regional chumbou (com os votos contra do PPM e do PS) uma iniciativa dos liberais sobre o aumento dos meios e ações de fiscalização do mar dos Açores, por que “aqui d’el rei se a União Europeia e a ONU descobrissem que nós não temos capacidade de fiscalizar as nossas zonas de pesca e as nossas zonas protegidas, quanto fará poder vir a fiscalizar toda a zona de plataforma continental que está para crescer”. Neste domínio, o parlamentar da IL/Açores afirmou “estar a trabalhar no sentido de definir claramente quais são as zonas protegidas onde podem ou não coexistir pescadores e atividades marítimo-turísticas e onde não pode existir mais atividade de pesca, sob pena de se colocar em causa a sustentabilidade do setor”.
Bombeiros em dificuldades
Já na área da proteção civil, e após semelhante denuncia feita após visitar a ilha de São Jorge, Nuno Barata apontou que “os bombeiros prestam um serviço à Região – os transportes de doentes urgentes e não urgentes – que não compensa sequer os custos operacionais”, indicando que em Vila do Porto a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários, “até final do primeiro semestre deste ano, só com o serviço que presta à Região, já acumulou um défice operacional de 10 mil euros. Isto não é admissível”.
Por outro lado, acrescentou, “importa esclarecer aos bombeiros que, por limitações da lei nacional e da falta de carreira própria nos Açores”, a proposta apresentada no Parlamento regional e aprovada, tendo em vista o pagamento de um subsídio de risco aos soldados da paz das corporações das ilhas “não pode ser pago”, desmistificando dúvidas que existem e “obtendo dados para que possamos vir a apresentar propostas concretas e que possam vir a beneficiar, efetivamente, os bombeiros da Região”.
Nuno Barata sublinhou ainda “a cada vez maior dificuldade de recrutamento de bombeiros, sejam voluntários ou assalariados”, salientando que, “qualquer dia o problema não será comprar uma ambulância, será ter alguém para trabalhar com ela”.
Turistas têm que pagar para visitar certos locais
Numa visita que passou por todas as freguesias da ilha, reuniu com entidades representativas do empresariado local, ouviu responsáveis pela Escola e Unidade de Saúde, associações de pescadores e de operadores marítimo-turísticos, reuniu com a Câmara Municipal de Vila do Porto, visitou associações juvenis, cooperativas de artesanato, explorações agrícolas, a REAGE (Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais) e, entre outros, associações de defesa de zonas e goesítios da ilha de Santa Maria, Nuno Barata terminou defendendo “a importância da preservação ambiental aliada à sustentabilidade turística da Região”, advertindo que é preciso pensar “em formas de controlar acessos e cobrar entradas em vários destes locais emblemáticos das ilhas”, como forma também de “garantir receitas próprias para a manutenção destes locais”, sem que seja necessário à Região ter que desembolsar outras receitas para garantir a sustentabilidade futura dos principais pontos e sítios de interesse e visitação.
A Representação Parlamentar da Iniciativa Liberal vai, à semelhança do que tem feito em relação a todos as ilhas por onde tem passado, suscitar, no Parlamento Regional, uma sessão de perguntas ao Governo Regional sobre matérias de interesse relativas a Santa Maria.
IL/AÇORES/RÁDIOILHÉU