“Foi com estupefação e incredulidade que assistimos ontem (24 de outubro de 2023) ao anúncio da Secretaria Regional da Educação e dos Assuntos Culturais de que o Carnaval da Terceira tinha sido distinguido como Património Cultural Imaterial”, alertou o Vice-presidente do PS/Açores, para relembrar que o Carnaval da Terceira é dono dessa distinção desde 2020.
Segundo refere o socialista, foi aprovada em 2013, por unanimidade, uma resolução na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que recomendava ao Governo Regional que efetuasse as diligências necessárias para a classificação destas manifestações tradicionais como Património Cultural Imaterial de Portugal. Nos anos subsequentes, a Direção Regional da Cultura recolheu registos de áudio, fotografias e entrevistas, tendo elaborado um dossiê sobre estas manifestações culturais. Decorridas várias outras etapas, a inscrição das Danças, Bailinhos e Comédias da ilha Terceira no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial acabou a ser publicada no Diário da República de 3 de agosto de 2020, através do anúncio n.º 176/2020.
“É verdade que já nos tínhamos apercebido de que a tutela da Cultura está totalmente alheada de toda e qualquer manifestação cultural nos Açores, seja ela de cariz mais popular ou erudito, mais urbano ou mais rural, mas julgamos que esta lamentável apropriação deste facto comprovado, que à época até mereceu congratulação pública de vários intervenientes, é – de todas as formas – inacreditável”, frisou o socialista.
“Só esse total alheamento, por parte da tutela da Cultura nos Açores, poderá justificar que ao receber no passado dia 22 de outubro, no âmbito das comemorações do 20.º aniversário da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, uma lembrança, igual à que foi entregue a tantas outras instituições, que estão inscritas há 10 anos, a Secretária Regional da Educação e Assuntos Culturais tenha achado que se tratava da distinção e tenha resolvido anunciar a grande novidade! Ora, tal atitude configura-se como um erro gravíssimo, atenta a riqueza das nossas manifestações culturais e do nosso Património. Tudo isso que temos, e ainda bem que temos, deve ser protegido, valorizado e promovido, nunca usado para justificar inércias ou distrair de outras situações, que resultam de pura incompetência e desmazelo”, acrescentou o Vice-presidente do PS/Açores.
PS/AÇORES/RÁDIOILHÉU