REGIÃO | BE. PSD e Chega impedem escrutínio à privatização do serviço de hemodiálise do HDES que pode envolver ligações familiares

A intenção de privatizar o serviço de hemodiálise do hospital de Ponta Delgada coincide com a existência de um projeto privado para a construção de um “Centro de Cuidados Renais” por uma empresa regional alegadamente detida por um familiar da presidente do Conselho de Administração, “que tem a responsabilidade de gerir o HDES e tomar decisões estratégicas como a que aqui está em causa”, apontou o deputado António Lima.
Mesmo perante estes factos revelados hoje na Comissão de Assuntos Sociais, os deputados do PSD, do CDS e do Chega na Comissão de Assuntos Sociais rejeitaram um requerimento do Bloco de Esquerda que tinha o objetivo de perceber os contornos da decisão de privatizar o serviço de hemodiálise do HDES.
O Bloco lamenta que o Chega e os partidos que suportam o governo estejam a esconder as razões que levaram à decisão de privatizar este serviço e a tentativa de perceber os negócios realizados nesta área.
A semana passada, após reunião com a delegação dos Açores da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, o deputado do Bloco de Esquerda já tinha dado o alerta e demostrado alguma estranheza, perante o facto de o anúncio da externalização do serviço de hemodiálise ter sido feito sem que existe atualmente qualquer clínica privada a realizar o serviço.
Entretanto, o Bloco de Esquerda teve conhecimento de que a empresa “Medifarma – José Horácio Rego Sousa, Lda”, apresentou uma candidatura ao programa municipal “Lagoa Investe”, destinado a apoiar iniciativas económicas de interesse municipal, que foi aprovada na reunião do executivo do município da Lagoa, no dia 23 de dezembro de 2024, como se comprova pela ata da reunião.
“Perante todos estes factos, são urgentes esclarecimentos sobre o processo de decisão relativo à privatização da unidade de hemodiálise do HDES e as suas consequências para os doentes renais”, afirmou o deputado Bloco.
A unidade de hemodiálise do HDES está há muito tempo a precisar de obras de ampliação e remodelação para tratar dos doentes com dignidade e para aumentar a capacidade por forma a responder às necessidades.
Esta obra esteve prevista nos Planos de investimentos da Região desde 2023 – onde foi incluída por proposta do Bloco – mas desapareceu agora da proposta de Plano para 2026 entregue no parlamento pelo governo regional.
Recentemente, a secretária regional da Saúde tentou colocar a responsabilidade desta opção nas empresas que realizaram os planos funcionais para a reorganização e redimensionamento do HDES, por preverem a externalização deste serviço.
António Lima frisou hoje que “externalizar uma unidade com esta importância no HDES, da qual dependem centenas de doentes crónicos, não é uma decisão que uma empresa possa tomar”, e tem que ser “uma decisão de gestão do HDES e, em última análise, uma decisão política”.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU






