SÃO JORGE

Região assume dívidas da Santa Catarina

SANTA CATARINA | Conserveira de São Jorge vai ser gerida por privados nos próximos dez anos
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Dívidas bancárias da conserveira Santa Catarina vão ser assumidas pela Região. Exploração da fábrica de São Jorge entregue aos privados.

Governo Região assumiu as dívidas bancárias da conserveira Santa Catarina, localizada na vila da Calheta (São Jorge), no montante global de 6,6 milhões de euros.

O despacho publicado, ontem, no “Jornal Oficial”, assinado pelo secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Joaquim Bastos e Silva, justifica a transferência da dívida da Santa Catarina para a Região com a necessidade de se criar as condições necessárias para que a gestão da conserveira possa ser entregue aos privados.

A Santa Catarina deve 6,6 milhões de euros em empréstimos contraídos em quatro instituições, relativos a financiamentos a curto e longo prazo, de tesouraria e para pagamento a fornecedores. “O plano de reembolsos associado a alguns destes financiamentos não se mostra compatível com a gestão de tesouraria da fábrica até à sua entrega à exploração privada, nem suscetível de qualquer renegociação junto da banca no atual contexto de preparação da fábrica para a cessão da exploração”, lê-se no texto do despacho de Bastos e Silva.

Nesse sentido, adianta que “a transferência atempada dos financiamentos adquiridos pela Região neste contexto permitirá uma melhor gestão no pagamento do serviço da dívida”. O concurso público internacional para a conceder aos privados a exploração da Santa Catarina está a decorrer e deverá ficar concluído até ao final de março.

A concessão aos privados terá a duração de dez anos, mediante o pagamento de “uma remuneração pré-determinada pela exploração do ativo cedido”, ficando a entidade gestora com direito de preferência para a aquisição do capital social da Santa Catarina quando esse prazo terminar.

Recorde-se que, em dezembro do ano passado, o Conselho do Governo Regional aprovou uma resolução para o lançamento de um concurso público internacional para a gestão privada da Santa Cataria e outra para a “aquisição de dívidas remuneradas e não remuneradas” da conserveira jorgense. De acordo com o último relatório e contas publicado, a Santa Catarina tinha, em 2020, um passivo de 12 milhões de euros.

A fábrica da Santa Catarina é herdeira da Corretora, que iniciou a sua atividade em São Jorge há mais de 80 anos. A unidade foi reativada nos anos 90 do século XX por iniciativa da Câmara Municipal da Calheta e alguns anos mais tarde privatizada.

Devido às dificuldades financeiras, a Santa Catarina passou a ser uma empresa de capitais públicos da Região em 2009, sendo um dos principais empregadores de São Jorge com mais de uma centena de trabalhadores, maioritariamente do sexo feminino.

DIÁRIOINSULAR/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.