São Jorge pode ter uma intrusão de magma de 20 milhões de metros cúbicos. A informação é de investigadores das Canárias, mas não é confirmada pelo CIVISA.
O Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan) considera que a ilha de São Jorge sofreu uma deformação do terreno devido a uma intrusão de magma “com um volume de 20 milhões de metros cúbicos”, semelhante ao que se verificou em La Palma, antes da erupção do vulcão de Cumbre Vieja.
O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Maques, rejeita, no entanto, entrar em especulações, alegando que não existem dados que permitam tirar estas conclusões.
Segundo um relatório do Involcan, divulgado pela agência EFE, a ilha de São Jorge “sofreu uma deformação de terreno compatível com uma fonte de natureza vulcânica”. O instituto baseia-se na análise de dados de radar de abertura sintética adquiridos pelo satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia.
Os especialistas das Canárias alegam que a deformação se deveu a uma intrusão de magma “com um volume de 20 milhões de metros cúbicos”.
Sem dados para tirar conclusões
Em declarações à agência Lusa, o presidente do CIVISA disse, no entanto, que as “projeções” do Involcan têm por base uma modelação numérica e não de dados recolhidos no terreno.
“Temos tentado dar à comunicação social e passar para a população valores de medição reais. Os números de sismos, as magnitudes, se a energia está a aumentar ou a diminuir, se temos deformação medida, se não temos deformação medida. Tentamos não entrar muito no campo das especulações”, afirmou. Rui Marques salientou que o CIVISA tem “quatro estações no terreno” para “avaliar de forma muito precisa a deformação no local”. “Em vez de estarmos a utilizar uma técnica indireta através de imagens de satélite, estamos a utilizar uma técnica direta que está colocada diretamente na ilha de São Jorge e que nos permite ter uma maior resolução da deformação”, explicou.
O vulcanólogo dos Açores sublinhou que a deformação vertical na ilha de São Jorge está identificada desde o início da crise sismovulcânica. “Não temos ainda valores para que possamos prestar declarações quanto aos valores medidos por nós. Da nossa parte, densificamos a nossa rede de monitorização, mas ainda não temos dados suficientes para tirar conclusões”, reforçou.
Desde 19 de março, a ilha de São Jorge já contabilizou mais de 20 mil sismos, dos quais mais de 200 sentidos pela população. A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Maior sismo sentido
Na terça-feira à noite, foi registado o sismo de maior magnitude desde o início da crise sísmica em São Jorge.
Com epicentro no mar, a cerca de 2km das Velas, o sismo teve uma magnitude de 3,8 na escala de Richter, sentido com intensidade V na escala de Mercalli modificada nas Velas e com menor intensidade no resto da ilha de São Jorge e em algumas zonas das restantes ilhas do grupo central.
Segundo o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) este evento sísmico vem reforçar “o que tem sido transmitido à população, que esta crise sismovulcânica pode originar uma erupção ou um sismo mais forte”. “Felizmente não houve registo de danos humanos nem materiais”, avançou Eduardo Faria, citado numa nota de imprensa.
O presidente da Proteção Civil apelou a que a população se mantenha “em alerta”, seguindo “as recomendações das entidades oficiais” e mantendo “as medidas de autoproteção bem presentes para as colocar em prática em caso de necessidade”.
DIÁRIOINSULAR/RÁDIOILHÉU