FAIAL | Regatas e passeios de bote baleeiro devem ser explorados enquanto produto de animação turística
A Associação de Turismo Sustentável do Faial, no âmbito de um seminário que decorre até 3 de novembro, promoveu uma mesa-redonda sobre a baleação onde a utilização lúdica e desportiva dos botes baleeiros foi tema em destaque.
Os oradores convidados foram unânimes quanto à necessidade de tirar maior partido do potencial das regatas e dos botes baleeiros enquanto produto turístico e de animação cultural.
João Pedro Garcia, impulsionador do projeto “Resgate da Memória Baleeira”, no Faial, defendeu uma maior articulação entre este património e o sector do turismo e teceu críticas a um decreto legislativo de 2014, que altera o Decreto Legislativo Regional, de 1998, que definiu o património baleeiro regional e estabeleceu medidas e apoios destinados à respetiva inventariação, recuperação, preservação e utilização.
“Este decreto não fez o seu trabalho todo, e não deixou espaço para que os clubes navais e as associações, em conjunto com as empresas [marítimo-turísticas], pudessem encontrar formas de tirar partido financeiro [das atividades com os botes], que garantam a sua manutenção, sem ‘subsidiodependência’”, lamentou.
E continuou: “O decreto não é claro sobre isso, as marítimo-turísticas têm de se licenciar para terem um bote, e o processo está burocratizado de tal maneira que não é possível aos clubes estabelecerem protocolos com as empresas marítimo-turísticas no sentido de dinamizarem o património baleeiro para, por exemplo, passeios [turísticos] de fim de tarde.”
Pedro Rosa, da Associação de Turismo Sustentável do Faial, que estava na audiência, defendeu a importância de “tornar possível a utilização de botes baleeiros para passeios de animação turística, e o Faial estar na linha da frente desta oferta”.
“Teria um impacto brutal na projeção do património baleeiro”, afirmou, referindo, contudo, que é preciso encontrar “um modelo de negócio que permita que seja uma atividade sustentável porque é exigente do ponto de vista humano e logístico”.
Pedro Garcia, um dos moderadores do painel, apontou “o sucesso” dos passeios turísticos em botes baleeiros durante o festival náutico da Semana do Mar. “É uma atividade de voluntariado, feita em segurança, mas tem exigências em termos de recursos humanos, já que são precisos três marinheiros por bote e uma lancha de apoio. É uma questão de ultrapassar questões formais, legais e de seguros”, disse, frisando que o porto da Horta “oferece boas condições de segurança” para estes passeios.
A exploração das regatas enquanto produto televisivo diferenciado, gerador de receitas que contribua para a preservação do património baleeiro, a aposta em regatas que permitam uma maior assistência em terra, como é caso da prova de perícia que acontece na Regata da Semana dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, ou a visitação das casas dos botes durante a época baixa foram, ainda, algumas das propostas apresentadas durante o debate.
Fábrica da Baleia de Porto Pim vai ter nova exposição
Carla Dâmaso, responsável pelo museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, que tem uma componente industrial e outra sobre a biologia do cachalote, afirmou que “as condições de visitação foram melhoradas”.
“O museu conta com quase toda a maquinaria original, e do ponto de vista industrial é um testemunho importante desta atividade no Faial”, disse, acrescentando que, apesar de não ser “o único museu sobre este tema na região, tenta posicionar-se e encontrar o seu lugar, e ser um produto diferenciado enquanto produto turístico e educativo”.
“Pretendemos ser um museu de história da baleação açoriana e fazer uma viagem até aos dias de hoje, e incluir uma parte mais ligada à biologia e à conservação”, disse Carla Dâmaso, revelando que está a ser ultimada “uma nova exposição, que vai ser feita muito a pensar na experiência do visitante”.
ATSF/RÁDIOILHÉU
