FAIAL | Bloco apresentou voto de protesto pelo encerramento das lojas da SATA mas partidos da direita rejeitaram a proposta
O Bloco de Esquerda levou ao parlamento um voto de protesto contra o encerramento das lojas da SATA em todas as ilhas dos Açores, uma decisão que foi “precipitada e irrefletida” e tomada sem que houvesse um diálogo com os vários intervenientes que permitisse encontrar soluções viáveis e benéficas para a empresa e para os clientes. IL e CH votaram ao lado dos partidos do governo – PSD, CDS e PPM – e rejeitaram o voto de protesto apresentado pelo Bloco.
O encerramento das lojas da SATA foi um processo precipitado e marcado por avanços e recuos por parte da empresa e do governo. Primeiro foi anunciado um acordo com a RIAC para a venda de bilhetes, mas perante a pressão pública de sindicatos, autarquias, agências de viagens e câmaras do comércio, e a possível ilegalidade da decisão, o acordo foi cancelado.
Depois foi anunciado um plano de ação conjunta entre a SATA e a APAVT com o objetivo de minimizar os efeitos do fecho das lojas, mas do encontro realizado entre as duas entidades não saiu qualquer medida concreta para mitigar o impacto do encerramento das lojas da SATA e a situação voltou à “estaca zero”.
Entretanto os efeitos do fecho das lojas já se fazem sentir com constrangimentos nos balcões da SATA nos aeroportos, levando a uma grande sobrecarga para os trabalhadores da companhia aérea. O aeroporto de Ponta Delgada, em particular, tem tido “filas intermináveis”, como descreve o SINTAC.
Acresce a isso que as distâncias mais longas que os clientes têm agora de percorrer, a ausência de transportes públicos para muitos dos aeroportos da Região e os elevados preços do estacionamento penalizam desnecessariamente os passageiros.
“É lamentável que a SATA tenha tomado uma decisão precipitada e irrefletida em vez de procurar um diálogo com todas as entidades envolvidas que permitisse encontrar soluções viáveis e benéficas simultaneamente para a companhia aérea e para os seus clientes”, assinalou o deputado António Lima.
PSD, IL e CH defenderam, no debate, que o parlamento não devia tomar posição sobre a decisão do conselho de administração da SATA.
Mas António Lima lembrou que estes três partidos votaram a favor de uma proposta do CH que recomendava ao governo a intervenção junto dos CTT – uma empresa privada – contra o encerramento de lojas nos Açores.
Nesta altura, “como a decisão não tocava no governo regional, o Chega queria fazer barulho”, agora, “como é uma decisão deste governo, que o Chega apoia, já diz que o encerramento das lojas da SATA é um ato de gestão profissional e o parlamento não tem nada a ver com isso”.
“Era o que faltava, se este parlamento não pudesse debater decisões que afetam a vida das pessoas, e sobre uma empresa que presta um serviço público, que está regulado e que tem um contrato com o governo”, concluiu António Lima.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU