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FAIAL | Agenda. Teatro de Giz celebra 25 anos com performance “O Pessoal é Político” e concerto de Tcheka

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O Teatro de Giz, associação cultural sem fins lucrativos da ilha do Faial, celebra 25 anos de existência e, para assinalar a data, preparou o programa “25 Anos de Inquietação”, que inclui um workshop performativo aberto à comunidade, orientado pelos criadores Maria Gil e Miguel Bonneville, do Teatro do Silêncio, uma performance teatral e um concerto de Tcheka, músico cabo-verdiano.

De 19 a 23 de Abril, realiza-se o workshop de teatro “O Pessoal é Político“, aberto à comunidade e à participação activa. Trata-se de uma trilogia de palestras performativas que partem de diferentes temas atuais e provocatórios.

O workshop, que vai acontecer no Teatro Faialense, em horário pós laboral (18h30), propõe a escrita de textos originais, na primeira pessoa, utilizando como matéria prima memórias, fragmentos e histórias das suas vidas, abrindo espaço para a reflexão colectiva e o debate de ideias. Inscrições através do email teatrodegiz@gmail.com.

No dia 24 de abril, às 21h00, o Teatro Faialense acolhe a festa dos 25 anos do Teatro de Giz que terá dois grandes momentos: a performance teatral “O Pessoal é Político”,  resultante do workshop orientado pelos actores e encenadores Maria Gil e Miguel Bonneville, e o concerto de Tcheka, músico cabo-verdiano. Embora referenciando vários géneros de Cabo Verde (batuku, funaná, finason, tabanca, morna e coladera), a música de Tcheka é também uma intersecção de pop brasileiro e africano, folk, jazz, blues e rock.

Com estatuto de Utilidade Pública, atribuído pelo Governo Regional dos Açores, em 2015, ao longo destes 25 anos, o Teatro de Giz fez para cima de 40 produções próprias e co-produções de espectáculos de teatro e artes performativas, em palcos tradicionais e em palcos incríveis; levou mais de uma dezena de produções a outras ilhas e para fora dos Açores; organizou mais de 30 acções de formação nas diversas áreas do teatro, além de debates, palestras e tertúlias; trabalhou com seis mãos cheias de encenadores do nosso país, que nos permitiram conhecer e viajar por textos e dramaturgias muito diversos.

Para o Teatro de Giz, vinte e cinco anos de actividade consistente, sempre nova e sempre inquieta, de produção de espectáculos e de formação nas artes do teatro, na ilha do Faial, é mérito. Mérito de dezenas de pessoas, faialenses de coração e de outras latitudes, mérito da qualidade do trabalho que este grupo sempre procurou alcançar; mérito das muitas entidades e instituições que o apoiaram; mérito das virtudes próprias da arte e da cultura, quando tratadas com o respeito que lhes é devido; mérito do público que sempre acarinhou o Teatro de Giz.

Enquanto agente cultural, o Teatro de Giz tem contribuído para a preservação dos valores da ética, da coesão e da inclusão social na ilha do Faial, assumindo o papel de promotor da transformação e do conhecimento, defendendo a importância das artes – e do teatro em particular – para a construção de uma sociedade mais livre.

O Teatro de Giz defende, pois, uma política cultural que valorize a diversidade das estruturas ligadas ao teatro existentes nos Açores, que seja potenciadora da sua liberdade de criação artística e promotora do crescimento e consolidação de grupos e estruturas locais de produção cultural. Para tanto, é essencial um reforço substancial do orçamento regional e dos orçamentos municipais destinados aos programas de apoio à actividade dos agentes culturais, bem como a criação de mecanismos de financiamento que permitam a sustentabilidade da sua programação a médio/longo prazo, assentes em critérios de qualidade e sustentabilidade, transparência e equidade, numa lógica de oportunidade à independência e à multiculturalidade.

O Teatro de Giz, espírito e corpo colectivo que ao longo de 25 anos foi sendo alimentado pela certeza da imprescindibilidade da cultura e da arte para a sua comunidade, quer continuar vivo; hoje, como muitas vezes aconteceu no passado – fruto da incerteza que constantemente “ameaça” o futuro do grupo – talvez não saiba bem como e por onde seguir, mas sabe o porquê de resistir: porque é preciso continuar a inquietar as consciências.

GM/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.