AVISTAVULCÃO estreia em 2023 a sua programação de residências artísticas internacionais na Casa da Missão.
Com esta seleção de artistas – vindos de Brasil, Espanha, Suíça, Estados Unidos da America e Bélgica – o espaço envolvente do Vulcão dos Capelinhos será também um lugar de criação de vanguarda.
Inspirado pela história da casa enquanto residência da missão cientifica dos Capelinhos, da mesma forma que este espaço acolheu, em 1957 e 1958, cientistas e cineastas para experienciar um acontecimento extraordinário – uma erupção submarina – documentando-o para a posteridade, a curadoria de AVISTAVULCÃO, Sophie Barbara e Gonçalo Tocha, fazem com que esta casa volte a acolher pessoas em trabalho para que possam pensar e criar em torno desta paisagem peculiar de terra nova, que nos relembra o início da formação das ilhas atlânticas.
É um espaço de criação para a ilha e para o arquipélago dos Açores, em comunicação com o mundo.
A programação tem o seu início em Fevereiro e é organizada em 2 temporadas:
A 1ª Temporada de Fevereiro a Abril conta com a presença de Lívia Diniz (Brasil), António Regis da Silva (Portugal/Brasil), Lois Patiño (Espanha), Rachel Gordy e Eric Devanthéry (Suiça).
A 2ª temporada irá decorrer de Setembro a Novembro de 2023 com artistas dos EUA e da Bélgica (a revelar oportunamente)
As áreas de criação vão desde a escrita para cinema e teatro, da multimédia à técnica ancestral da litografia, das artes visuais à intervenção na paisagem. Todos os artistas irão trabalhar projectos inéditos tendo a insularidade em diálogo com o mundo como tema privilegiado e irão em paralelo dinamizar actividades junto da comunidade.
AVISTAVULCÃO foi inaugurado em Setembro de 2021 com a presença da Profª Raquel Soeiro de Brito – que fez parte da Missão Cientifica em 1957 – e funcionou no ano de 2022 como espaço cultural junto da comunidade (encontros populares, video-instalações, festas, video-instalações).
Esta primeira temporada de residências artísticas na AVISTAVULCÃO tem o apoio da Câmara Municipal da Horta, da Província de Genebra, da Sociedade Suíça dos Autores, das produtoras de cinema Bando à Parte (Portugal) e Filmika Galaika (Espanha) e é feita em parceria com a Associação de Turismo Sustentável do Faial e a Azores 2027.
RESIDÊNCIA #1
4 a 14 de Fevereiro
Residência de Criação Multimédia de Lívia Diniz (Brasil) com o projecto “Parque de Invenções”.
Realizada em parceria com a Azores 2027.
Residência que vem no seguimento da formação “Se estas ruas fossem nossas” dinamizada pela artista no âmbito da ACADEMIA HUMANA (AH!), programa itinerante de capacitação da candidatura de Ponta Delgada-Azores 2027, onde Lívia trabalhou junto de jovens em torno da criação de artefactos, laboratórios de aprendizagem, melodias e narrativas que celebram a cultura do Carnaval e da obra da Natália Correia.
Durante a sua residência de criação no Capelo, a artista criou uma plataforma multimedia que reuniu todos os trabalhos que realizou junto da comunidade jovem durante as formações que orientou durante os últimos 20 anos por vários países. Lívia que viajou pelo mundo inteiro, da America do sul à Europa até à China, criou uma metodologia de ensino e de dinamização de actividades artísticas para os jovens. A artista, que privilegia a liberdade de criação e de pensamento no público jovem, utiliza a sua experiência de artista carnavalesca para criar artefactos e narrativas como meio de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal nas crianças.
Lívia Diniz frequentou as escolas de Cinema e Belas Artes no Rio de Janeiro. Foi no Rio que co-dirigiu 13 desfiles de carnaval ao longo de 12 anos juntamente com as suas práticas e oficinas de criação alargadas que aconteceram em diferentes locais: experiências multimédia, workshops de design/arquitetura, vídeos musicais, exposições. Nos últimos 20 anos envolveu-se em produções artísticas e investigações em 17 países, em festivais, aldeias indígenas, favelas, escolas, universidades, teatros, projetos artísticos e ativistas, museus, residências, espaços de criação, centros de investigação e cultura, planetários.
RESIDÊNCIA #2
23 de Fevereiro a 9 de Março
Residência de Litografia de António Regis da Silva (Portugal/Brasil) com o projecto “Diálogos Plutónicos”.
Realizada em parceria com a Associação de Turismo Sustentável do Faial.
A partir de uma pesquisa de terreno, o artista pretende trabalhar a pedra basalto para desenvolver um trabalho de litografia e de criação de pigmentos naturais. Em litografia, a utilização de rochas vulcânicas é extremamente incomum e por isso a residência no Faial irá funcionar como um laboratório de experimentação onde serão testadas e aprofundadas técnicas de impressão litográfica in-situ utilizando rochas como o basalto. Para além do questionamento dos próprios materiais (rochas/pigmentos/papel) e técnicas (litografia/prática artística in situ), o artista propõe-se explorar temáticas ligadas ao lugar de onde são originárias as rochas, fazendo das obras uma janela para a compreensão do próprio lugar nas suas componentes natural e humana. Durante a sua residência, o artista também ira realizado um workshop de litografia aberto ao público. Este processo de investigação e criação irá culminar numa numa exposição que será apresentada no Faial (Casa Manuel de Arriaga/Museu da Horta e Micro Galeria Camarupa), no Porto (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) e em Yorkshire, Cidade de Hull (Ferens Art Galery), no Reino Unido.
Antonio Regis da Silva é um artista plástico brasileiro cujo trabalho se expande por áreas como a instalação, a pintura e o vídeo. Formado em Belas Artes pela University of Sussex (Reino Unido) e pela Universidade de Évora, frequenta actualmente o Doutoramento em Artes Plásticas, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde está a realizar o projecto de doutoramento “A Arqueologia técnica in situ: uma jornada pelo território e pela identidade”, que aborda processos de impressão litográfica in-situ.
RESIDÊNCIA #3
10 a 30 de Março
Residência de escrita para cinema de Lois Patiño (Espanha) com o projecto “Ariel”.
Realizada com o apoio de Bando à Parte (Portugal) e Filmika Galaika (Espanha).
O realizador galego Lois Patiño estará em residência de escrita para a sua última obra cinematográfica, uma longa metragem de ficção, inspirada na obra “Tempestade” de Shakespeare, e que será filmada nas ilhas do Faial e do Pico. O artista que evoluiu nesses 10 últimos anos nas artes visuais e cinema de autor, pretende que a sua estadia na AVISTAVULCÃO leve-o a contactar com a comunidade do Faial e do Pico e na sua descoberta do território. O realizador, que estará a afinar o guião do seu filme e em reperage nas duas ilhas, procura uma experiência insular de imersão e pretende inspirar-se da envolvência da natureza, das paisagens e do clima insular para mergulhar a sua escrita no ambiente das ilhas Açorianas marcado com a forte presença dos fenômenos atmosféricos. Durante a sua residência, o artista irá à descoberta do Faial e do Pico, entrevistar pessoas, fotografar e filmar locais no âmbito de preparar a rodagem do seu próximo filme “Ariel” marcada para Abril 2023 nas ilhas do Faial e do Pico. Em paralelo ao seu trabalho de pesquisa, o realizador irá ainda fazer uma apresentação pública do seu trabalho cinematográfico.
Lois Patiño é um cineasta e artista nascido em Vigo, 1983, filho dos pintores abstractos Menchu Lamas e Antón Patiño. Começou os seus estudos cinematográficos em Madrid na escola TAI, combinando-os com os de psicologia na Universidade Complutense. Continuou os seus estudos cinematográficos na NYFA em Nova Iorque e em Barcelona, onde concluiu o Mestrado em Documentário Criativo na Universidade Pompeu Fabra. Fez cursos de arte vídeo na Universität der Künst em Berlim e workshops com artistas e cineastas como Joan Jonas, James Benning, Pedro Costa ou Víctor Erice.
Os seus filmes foram exibidos em festivais de cinema como Cannes – Quinzena do Realizador -, Berlinale, Locarno, Toronto, Roterdão, Nova Iorque, Ann Arbor, Viennale, IDFA, Cinema du rèel, Oberhausen, Clermont-Ferrand.
Lois Patiño faz parte de uma geração de cineastas galegos chamada ‘Novo Cinema Galego’.
RESIDÊNCIA #4
1 a 28 de Abril
Residência de pesquisa para a obra teatral de Rachel Gordy e Eric Devanthéry (Suiça) com o projecto “Looking for Moby Dick”.
Realizada com o apoio da província de Genebra e da Sociedade Suiça dos Autores.
Residência de pesquisa para uma adaptação teatral do romance Moby Dick de Herman Melville, baseada em recolha de testemunhos e histórias dos últimos baleeiros do arquipélago dos Açores. Um projecto de obra teatral que deverá estrear na Primavera de 2024 na sala Am Stram Gram, em Genebra, para depois circular internacionalmente. A residência consistirá numa recolha sonora e visual de testemunhos de antigos baleeiros, de objetos cenográficos e objectos técnicos relacionados com a atividade baleeira. Recolha que será integrada no material cenográfico do espectáculo final.
Os artistas propõem-se ainda a integrar a comunidade do Faial e do Pico no processo criativo dinamizando uma atividade durante a residência. A ideia proposta pelos artistas suíços é de formar um coro de pessoas, um no Faial e outro no Pico, que recita em inglês uma parte de um capítulo de Moby Dick – XLII A brancura da baleia – e que cantam em português canções tradicionais açorianas. Esse trabalho junto da comunidade resultará numa atuação pública no Faial e no Pico, na ponta dos Capelinhos e nas Lajes do Pico. A prestação pública será registrada para ser utilizada como material sonográfico no espectáculo final.
Rachel Gordy. Atriz em teatro e cinema. Formou-se na ESAD (Ecole supérieure d’art dramatique) de Genève (Suisse).
Actuações no teatro: “Un ennemi du peuple” 2021, “Tout le plaisir est pour moi” 2021, “Les Misérables” 2021, “Madame De” 2020, “Louis(e)” 2020, “Le Prix du Rêve” 2019.
Actuações no Cinema: “Mon Frère se Marie” 2005, “Paul s’en va” 2003, “Les petites couleurs” 2001.
Actuações na televisão: “52 minutes” 2021, “Quartier des Banques” 2017, “Zodiaque 2005.
Eric Devanthéry é um realizador, dramaturgo e tradutor.
Fundador da companhia Utopia. Director do Théâtre Pitoëff de 2015- 2018.
Formado na ESAD e na Universidade de Genebra (francês moderno, filosofia, inglês). Foi co-fundador (2016) do TAMCO, Théâtre d’Art moderne & Contemporain Arte. Deu cursos de teatro na Universidade de Genebra (2005-2008) e dirigiu dois mestrados. Deu aulas para directores em Osaka e Tóquio.
AV/RÁDIOILHÉU