O deputado do Partido Socialista dos Açores, Russell Sousa, destacou hoje, a gravidade da problemática do consumo de substâncias psicoativas na Região, exigindo medidas concretas para combater as dependências nos Açores, cujos dados qualificou de “alarmantes”.
Numa declaração política na sessão plenária que decorre na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na Horta, Russell Sousa evidenciou que o consumo de drogas ilícitas nos Açores é entre duas a três vezes superior à média nacional e que 36% dos jovens açorianos relatam problemas associados ao consumo de álcool, enquanto 23% enfrentam dificuldades relacionadas ao consumo de drogas ilícitas.
“Estes números não são apenas estatísticos. São o reflexo de vidas interrompidas, de famílias desfeitas e de sonhos desfeitos. E é precisamente aqui que está o verdadeiro custo das dependências: no impacto humano e social que afeta o tecido das nossas comunidades”, enfatizou o socialista.
Russell Sousa prosseguiu afirmando que apesar de existir o maior orçamento de sempre para esta área, “as medidas continuam a ser as mesmas que já se provaram ineficazes. E quem o diz não é o Partido Socialista; são os resultados do último Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional de 2023, que mostram que o consumo e os problemas associados não param de crescer nos Açores”.
O deputado relembrou as propostas já apresentadas pelo PS/Açores para fazer face a esta problemática, onde se destacava a “necessidade urgente de abrir pelo menos uma comunidade terapêutica na Região, aumentar as respostas para doentes com duplo diagnóstico, retomar os inquéritos escolares, realizar diagnósticos de saúde mental para consumidores de rua e implementar programas específicos para jovens entre os 14 e os 30 anos”.
O deputado e líder da Juventude Socialista nos Açores defendeu a necessidade “urgente” de implementar uma rede regional de cuidados continuados em saúde mental para situações de adultos com duplo diagnóstico, que não cumprem critérios de internamento em lar de idosos nem na rede de cuidados continuados, bem como a criação de uma equipa de rua que “avalie e estabilize as pessoas em situação de vulnerabilidade do ponto de vista psiquiátrico, trate feridas, administre injetáveis e ofereça uma resposta de proximidade”.
“Este primeiro contacto é essencial para estabilizar estas pessoas física e psiquiatricamente, preparando o caminho para uma intervenção mais aprofundada que vise a sua integração social”, acrescentou.
O deputado apelou também à transparência na gestão da ‘Task Force’ criada para lidar com este problema, cujos resultados permanecem desconhecidos. “A luta contra as dependências não se faz com planos vazios ou promessas adiadas, mas com medidas concretas e avaliações rigorosas que nos permitam corrigir o rumo sempre que necessário”, sublinhou.
Outro ponto destacado pelo parlamentar prende-se com o envolvimento das famílias, afirmando que o apoio familiar é um dos pilares mais importantes para prevenir e combater as dependências.
“Devemos reforçar os programas de sensibilização e capacitação para pais e encarregados de educação, ajudando-os a reconhecer os sinais de alerta e a intervir antes que os problemas se agravem”.
“Os açorianos com problemas de dependências não podem esperar. Cada dia que passa sem uma ação decisiva é um dia em que mais vidas são colocadas em risco. A luta contra as dependências é uma responsabilidade coletiva e um compromisso que devemos assumir todos nesta casa”, concluiu.
GPPS/AÇORES/RÁDIOILHÉU