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ATUALIDADE | Mais de cem navios com tesouros encontram-se no mar dos Açores

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No mar dos Açores repousam mais de 100 navios naufragados com cargas valiosas e 46 estão nas águas em torno da ilha Terceira, segundo o mapa desenhado pelo arqueólogo subaquático Alexandre Monteiro, que fez um levantamento para todo o país. Ao todo, Portugal terá cerca de 250 navios naufragados com tesouros a bordo, de acordo com o mapeamento feito pelo investigador do Instituto História, Territórios e Comunidades, da Universidade Nova de Lisboa, que estuda achados subaquáticos há perto de 25 anos. Alexandre Monteiro identificou um total de 8620 naufrágios para todo o país, 7500 navios para a costa continental, cerca de 1000 nos Açores e 120 na Madeira.

Ontem, em declarações ao DI, deixou os números dos navios com carga valiosa nos Açores. Na Terceira, onde a baía de Angra foi ponto de repouso de naus e caravelas, são 46 navios. Em São Miguel, contam-se 14 e 12 no Faial. Onze encontram-se “perdidos” entre as ilhas e 6 junto a Santa Maria. Há 4 no mar que rodeia as Flores e outros 4 em São Jorge, bem como 3 no Corvo e 2 no Pico, a que se junta 1 na Graciosa.
As riquezas serão sobretudo ouro, prata e porcelana chinesa, as que mais interessam aos caçadores de tesouros, dos quais o arquipélago está livre e deve assim permanecer. Nos anos 90, esse perigo chegou Naufrágios a surgir, mas Alexandre Monteiro, tal como José Olívio Rocha, do Museu de Angra e, num plano oficial, a direção regional da Cultura, desenvolveram esforços para travar legislação que poderia permitir às empresas de caça de tesouros operarem.

No entanto, de 1996 a 2013, estes caçadores mergulharam, por exemplo, em locais como Cabo Verde e Moçambique, retirando as cargas valiosas de navios naufragados, ouro e prata que foram vendidos a colecionadores e até museus, recorda o investigador. Alexandre Monteiro acredita que, atualmente, seria difícil aos caçadores de tesouros atuarem sem serem detetados.

Os navios com carga preciosa que afundaram no arquipélago açoriano podem não estar tão distantes como se possa pensar. Alexandre Monteiro explica que há, por exemplo, documentação sobre o afundamento de um navio espanhol com este tipo de carga entre São Mateus e o Monte Brasil. Não terá sido a mais de 30 metros de profundidade, pois os relatos falavam de os mastros terem ficado de fora das ondas, depois do navio ter sido afundado por tiros de artilharia de corsários ingleses.

Alexandre Monteiro acredita que toda esta história e riqueza representa potencial turístico e científico para os Açores, mas permanece cauteloso quanto à abordagem. “Os Açores são líderes de arqueologia subaquática em Portugal e devem continuar a fazer arqueologia enquanto ciência e não ir propriamente à procura de navios com tesouros”, diz. Se um desses navios for encontrado, sublinha, será, porém, o primeiro a ser escavado cientificamente em todo o mundo.

“Os tesouros e os piratas sempre fascinaram o público em geral. Há potencial para atrair atenção mediática e científica”, reforça. Os tesouros serão da Região, do país e, assinala, da própria Humanidade. “O seu valor material vai incorporar a riqueza da Nação”, resume. O arqueólogo lança um alerta, isso sim, às obras que se realizem na frente marítima. “É preciso cuidado com esses tipos de intervenções”, afirma. Nunca se sabe que tesouros esconde o mar.

DIÁRIOINSULAR/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.