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ATUALIDADE | Defende Nuno Barata (IL): “É preciso coragem para dividir a produção, da distribuição de energia elétrica nos Açores”

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O Deputado da Iniciativa Liberal no Parlamento dos Açores, Nuno Barata, defendeu, esta quinta-feira, que só será possível aos Açores e aos Açorianos aproveitarem as energias renováveis de forma eficiente e efetiva quando existir “coragem” para “dividir o monopólio da produção e da distribuição de energia elétrica na Região”. 

Intervindo num debate sobre ação climática e transição energética, Nuno Barata denunciou atrasos na aplicação do programa Solenerge e criticou ferozmente a política praticada pela EDA (Empresa de Eletricidade dos Açores) que impede empresas e particulares de fazerem investimentos para a transição energética.  

“O problema com o Solenerge é que um extraordinário programa de incentivo à transição energética está a ser mal aplicado, ou melhor, nem sequer estar a ser executado. O Solenerge tem um atraso nas aprovações das candidaturas considerável, tem um atraso nos pagamentos que é inadmissível (apenas 6.4% de execução), para além de um atraso gravíssimo e incompreensível na instalação de contadores bidirecionais”, denunciou o liberal. 

“Existem promotores de candidaturas que estão há meses com projetos aprovados e, alguns até, com os projetos instalados, mas que não os podem colocar a produzir, porque se o fizerem vão ter de pagar a energia que estão a produzir. Isto é inadmissível, mas isto é feito propositadamente por uma empresa pública que detém o monopólio da produção e da distribuição de energia elétrica na Região”, atirou o parlamentar. 

Para a IL/Açores “só há uma medida que vai resolver os problemas dos Açorianos” neste particular e contribuir, efetivamente, para a tão propalada transição energética: “É preciso coragem para dividir a EDA, produção para um lado, distribuição para outro”, afirmou.

Nuno Barata não tem dúvidas de que, “enquanto o monopólio da produção e da distribuição estiver na mesma empresa, nunca vão existir incentivos para que alguém, seja uma indústria, uma empresa ou um particular, instale sistemas de produção de energia elétrica mais eficientes”. 

Tudo isto porque a energia que é produzida por estes sistemas inovadores e alternativos à produção da EDA acabam por ter de entrar na rede da EDA, mas a empresa pública compra aos produtores particulares a preços muito mais baixos do que os que pratica na venda da energia aos consumidores finais. 

“Este é um facto inegável. Quando o produtor, que é o mesmo que distribui e é o único a quem se pode vender, compra por valores muito abaixo do preço pelo que vende, não há incentivo algum para que um privado faça um investimento nessa área”, referiu.

Segundo os liberais açorianos até existem “indústrias e particulares na Região capazes e interessados em fazer investimentos em torres eólicas ou em painéis fotovoltaicos, mas não têm maneira de fazer (na perspetiva da sua rentabilização), porque não têm forma de colocar no mercado a energia que produzem. E a única maneira que existe, atualmente, é a de colocarem no mercado da energia a que produzem, mas a preços muito mais baixos do que os que pagam para a comprar” à EDA, apontou Nuno Barata. 

“Sem este passo de coragem, podem falar do que quiserem, podem criar os sistemas de incentivos que quiserem, até podem gastar os 19 milhões de euros previstos no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para o Solenerge, que nada vai resolver o problema das pessoas e das empresas que querem investir na transição energética e na sustentabilidade que contribui para a mitigação dos impactos das alterações climáticas. Só há um ato de coragem a tomar. Dividir a EDA, dividir a produção de energia, da distribuição da energia”, finalizou o Deputado e Dirigente regional da Iniciativa Liberal. 

IL/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.