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ATUALIDADE | Crise política nacional prejudica compromissos da República com os Açores, considera CCIAH

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A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) considera que a crise política nacional, em resultado da irresponsabilidade de todos os atores políticos do país, irá prejudicar os compromissos do Governo da República com os Açores, podendo comprometer investimentos essenciais à economia nacional e regional.

Para a CCIAH, teria sido crucial que o interesse do país e das regiões, em particular dos Açores, tivesse sido uma prioridade em detrimento de interesses pessoais, partidários e táticos. Não foi o que aconteceu e vamos para eleições sem que os portugueses percebam bem porquê.

Continuamos a considerar que a política deve ser sempre um exercício de responsabilidade e estabilidade. Não podemos permitir que tacticismos políticos e estratégias ardilosas sacrifiquem o bem comum, como acabou por acontecer.

Juntar uma crise política nacional a um enquadramento internacional desfavorável envolto em guerras comerciais e protecionismos é não estar minimamente preocupado com as consequências imediatas que isso trará à condição de vida das pessoas e à atividade das empresas.

A CCIAH sublinha que a instabilidade política, resultante da queda do Governo da República terão impactos diretos nos Açores, numa fase em que está em curso a revisão da Lei das Finanças Regionais e se esperava um apoio célere da República para a recuperação do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada. É bom relembrar que nenhum destes assuntos se encontra esclarecido, e muito menos assumido pelo Governo da República, o que poderá vir a criar graves problemas às contas públicas regionais e à já sua dificuldade de liquidez.

Para além disso, esta Câmara do Comércio e Indústria alerta que um clima de incerteza e imprevisibilidade não é benéfico para a economia. A incapacidade de um país se governar afeta diretamente o crescimento económico devido ao adiamento de projetos de investimento e ao atraso no deferimento de apoios.

A crise em curso reflete também, na ótica da CCIAH, a qualidade dos políticos que temos em Portugal e nos Açores. É preocupante constatar que alguns políticos parecem desconhecer a realidade diária dos cidadãos e estão mais preocupados com enredos partidários que não trazem valor ao país.
Por exemplo, o Presidente do Governo Regional dos Açores fez, recentemente, um apelo para que os empresários açorianos se tornassem mais autossustentáveis e menos dependentes da subvenção pública. Posições como estas são injustas e lamentáveis, contribuindo para a desvalorização da iniciativa privada nos Açores, cuja maior consequência é a continuação de um estado de pobreza que envergonha qualquer Açoriano.

Não são as empresas e os empresários dos Açores – os únicos que criam riqueza na nossa economia – que são o problema da Região nem os causadores de todos os males que afetam o desenvolvimento regional. Lançar este clima de suspeição merece a discordância total desta Câmara do Comércio e Indústria. Aquilo que representa um problema sério e grave ao equilíbrio financeiro dos Açores, entre outros, é o Setor Público Empresarial Regional (SPER), com a Azores AirIines à cabeça, que serve para os políticos colocarem nas administrações agentes partidários e para engrossar as fileiras da administração pública regional com boys e girls sem concurso público.

São as empresas públicas e não as privadas que representam um verdadeiro sorvedouro do dinheiro público. Sem a iniciativa privada teríamos uma Região ainda mais pobre, com mais desemprego e mais dependente de apoios sociais, ou seja, de mão estendida ao Governo. Será isso que se pretende?


A CCIAH exorta, daqui em diante, que todos os partidos priorizem a estabilidade e a responsabilidade, trabalhando em conjunto para o bem comum e para o futuro de Portugal e dos Açores e evitando repetições de crises como esta. Já é tempo de garantir que a política sirva verdadeiramente os interesses das pessoas e das empresas.

CCIAH/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.