ATUALIDADE | Corte de 140 milhões no orçamento mostra que este governo de direita “dá mais importância aos números do que às pessoas”
O Bloco de Esquerda considera que este governo de “coligação de direita dá mais importância aos números do que às pessoas”, porque opta por cortar 140 milhões no investimento – só para atingir o endividamento zero – em vez de investir em áreas essenciais como a Saúde e a Educação, que o próprio governo reconhece que têm muitos problemas. “A contradição é enorme”, disse a deputada Alexandra Manes, que acusou o governo de virar as costas aos açorianos e às açorianas.
“Um orçamento que tem menos 140 milhões de euros, em comparação com o ano anterior, é um orçamento que vai fazer menos pelas pessoas. Na verdade, o endividamento zero é sinónimo de menos investimento em áreas essenciais”, disse a deputado do Bloco, lembrando que era possível “aumentar o investimento público sem aumentar o endividamento líquido, e desta forma assegurar investimentos públicos fundamentais para a vida das pessoas”.
O Bloco critica também a opção do governo de “transformar os Açores numa espécie de paraíso fiscal”, através da redução de impostos sobre os lucros das empresas.
“Fazer esta redução de imposto sobre os lucros das empresas significa que o Orçamento da Região será suportado quase na totalidade por impostos cobrados aos trabalhadores e às famílias. É uma enorme transferência de recursos do trabalho para o capital, uma opção de classe contra quem trabalha e contra as famílias”, assinala Alexandra Manes.
Na Educação, apesar de haver falta de professores, falta de assistentes operacionais, falta de técnicos, e muitas escolas a precisar de intervenções urgentes, há uma diminuição de verbas no orçamento.
Também na Saúde há menos verbas no orçamento do que no orçamento anterior. E a isto junta-se o problema criado pelo “absurdo ataque do vice-presidente aos médicos e médicas”, como assinalou a deputada do Bloco.
Na Cultura, o objetivo de alcançar 1% do investimento da Região – que é apontado pelos agentes culturais como uma meta a atingir – estará ainda mais longe em 2023 do que está em 2022.
Fazendo uma análise muito crítica das opções do governo para 2023, Alexandra Manes frisou que “o caminho para uma Região com futuro tem que passar pelo aumento de salários no público e no privado, pela estabilidade laboral e por apoios sociais robustos, para que as famílias possam enfrentar o enorme aumento do custo de vida”, e as propostas de alteração que serão apresentadas pelo Bloco de Esquerda vão neste sentido.
“Numa altura de crise, como a que estamos a atravessar, o investimento público é fundamental para dar o impulso necessário à economia”, acrescentou a deputada.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU