ATUALIDADE | BE. Governo esteve a dormir nos últimos meses e preparou o início do ano letivo “em cima do joelho”
Os problemas que as escolas estão a enfrentar no início deste ano letivo mostram que “o governo regional andou a dormir nos últimos meses” e que preparou o início do ano letivo “em cima do joelho”. As críticas foram feitas por António Lima, deputado do Bloco de Esquerda, após visita à Escola Básica Integrada de Rabo de Peixe.
Falta de professores, falta de assistentes operacionais, incerteza sobre o acompanhamento às crianças com necessidades educativas especiais, falta de equipamentos informáticos para utilização dos manuais digitais, e até atrasos na autorização do governo necessária para a finalização do concurso para a concessão do bar da escola. É este o cenário nas escolas dos Açores que está a preocupar o Bloco de Esquerda no arranque do ano letivo.
António Lima não compreende que, a menos de uma semana do início das aulas, as escolas, mais uma vez, não tenham os assistentes operacionais de que precisam, e que as famílias com alunos com necessidades educativas especiais – que eram acompanhados na escola a tempo inteiro por bolseiros ocupacionais – continuem sem saber com que apoio podem contar.
No passado mês de julho, o Bloco de Esquerda levou ao parlamento uma proposta para acabar com a precariedade nas escolas garantindo a integração de todos os assistentes operacionais e bolseiros ocupacionais que são necessários nas escolas, mas os partidos da coligação rejeitaram a proposta.
Por isso, “a precariedade nas escolas continua”, lamentou o deputado do Bloco, que criticou o recurso abusivo de programas ocupacionais para colmatar as necessidades das escolas.
Quanto à falta de professores, que atinge a região de uma forma geral, mas cujo efeito é sentido com maior intensidade nas ilhas mais pequenas, o Bloco defende a criação de incentivos à fixação.
António Lima lembra que a criação destes incentivos para a fixação de professores já estava no programa do governo da coligação desde 2020. “O governo não implementou estes incentivos porque não quis” e agora diz que “a culpa é do chumbo do orçamento”.
Sem estes incentivos, com a falta de habitação que faz disparar os custos será muito difícil os professores concorrerem para uma ilha onde não tenham a sua residência, porque aquilo que vão receber será menos do que o que terão de gastar com deslocações e habitação.
“Ninguém vai concorrer para uma escola onde vai ter que pagar para trabalhar”, afirmou o deputado do Bloco.
António Lima criticou ainda a continuação do alargamento das turmas abrangidas pela utilização dos manuais escolares digitais sem haver uma avaliação do impacto desta opção na aprendizagem das crianças e jovens.
O parlamento dos Açores está atualmente a analisar uma proposta do Bloco que propõe uma avaliação da introdução dos manuais digitais, assim como a utilização em conjunto de manuais digitais e manuais em papel, e que defende que ambos os formatos de manual escolar sejam disponibilizados de forma gratuita.
A proposta defende também a implementação de recreios livres de ecrãs do 1º ano ao 6º ano de escolaridade.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU