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AGENDA | Projecto de empoderamento feminino “A Costela  de Lilith” culmina na apresentação da peça de  teatro comunitário “Depois da Bruma” na ilha  das Flores

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De 27 a 29 de Setembro, às 20h00 e às 20h45, o Museu Municipal das Lajes das Flores  recebe a apresentação da peça de teatro comunitário “Depois da Bruma”, resultado de um trabalho intensivo com diferentes mulheres da comunidade da Ilha das Flores,  baseado no projecto “A Costela de Lilith”. 

Esta é uma produção da 9’ Circos — Associação de Artes Circenses dos Açores, com a  co-produção do Coletivo Creativo das Flores, da Etxe Escola de Artes do Uruguai e do  Teatro Umano. 

Este espectáculo é baseado no livro “A costela de Lilith”, inspirado nas histórias  individuais e colectivas das mulheres, com adaptação de textos de Gabriela Silva e Maria  de Jesus Tomaz. 

A figura de Lilith tem sido controversa ao longo da história. Ela é, segundo os textos  hebraicos, a primeira mulher… A que antecedeu a Eva, criada à imagem e semelhança  de Deus e, portanto, igual em tudo ao seu companheiro Adão. 

Lilith e Adão vivem no paraíso durante muito tempo, mas a relação entre eles rompe-se  quando ela lhe pede para se deitar em cima dele. Deitar-se debaixo dele, com as asas  dobradas, provoca-lhe fortes dores nas costas… No entanto, Adão sente o pedido como  uma afronta e tenta subjugar Lilith à força.  

Adão não quer uma mulher companheira, quer uma mulher submissa. Assim, Lilith não  vê outra solução senão voar para longe do Éden em busca de um lugar melhor, onde  possa ser ela própria. 

Lilith voou. Ela viveu nas rochas, nos montes e nas montanhas, no deserto e na floresta.  Viveu em muitos sítios diferentes e, para sua surpresa, encontrou pessoas como ela:  MULHERES.  

Mulheres com sangue como o dela. Mulheres que habitaram a terra com os mesmos  anseios, com o mesmo sofrimento. E durante muito tempo, Lilith observou-as agachada  em silêncio. 

Mas uma noite, enquanto cavalgava através da bruma, as dúvidas envolveram-na. A dor  apoderou-se dela. A confusão era demasiado forte. E a sua asa quebrou-se, e ela caiu  numa ilha: um pedaço de terra perdido no mar, no pequeno ninho ínsula das Flores e  chamou-lhe «Flor das Flores». Quando a terra a absorveu, também ela se absorveu nela.  Derreteu-se no topo de uma colina, e nela depositou o seu rosto, os seus seios e o seu  útero. Nela chorou.  

Isolada, sozinha, sem asas, Lilith esconde-se na ilha. A noite torna-se na sua maior aliada, e as vozes daquelas que partilham o seu sangue envolvem-na e protegem-na. Na ilha,  Lilith percebe quem são elas: mil e uma mulheres que habitam o seu EU. Mulheres sós  como ela que, dentro de si, choravam prantos de sal e de medo. Mulheres que sabiam  que o horizonte não acabava ali.  

Protegida e apoiada pelas vozes de mulheres como ela, Lilith encontra a coragem para  atravessar a bruma, para a enfrentar, para encontrar a sua asa e para recuperar a sua  voz e a sua força. 

Os versos que brotam da natureza, as palavras escondidas no quotidiano, as tragédias  vividas por outras como ela fá-la-ão renascer. 

A rapariga, a dama e a velha. Três estados que se complementam e se unem através  do parto, dos conhecimentos herdados, dos conhecimentos adquiridos e aqueles  transmitidos. Lilith encontra a irmandade, e nela, e graças a elas, consegue curar as  suas asas.  

É tempo de viajar. É preciso voltar ao tempo da natureza. 

Esquecer é impossível. Irmã, dá-me a tua mão para que o vôo volte a descolar com  mais força. 

Ficha técnica: 

Autoria e Direcção Artística: Liliana Janeiro. 
Encenação: Liliana Janeiro e Patrícia Soso. 
Apoio à encenação: Gabriela Honeybud. 
Dramaturgia: Ana Cózar e Liliana Janeiro a partir dos textos e ideias das mulheres que  participaram no projecto A Costela de Lilith na Ilha das Flores, Gabriela Silva, Maria de  Jesus Tomaz e poemas do livro “A Costela de Lilith”.
Cenógrafa/Figurinista/designer de luz: Rocío Matosas. 
Costura e construção de figurinos e cenografia: Lydia Aubin, Solange de Boelle, Luísa Gonçalves, Ana Peixoto, Camille Farge, Adelaide Reis, Tanja Porsche, Sabine Mueller,  Karina Valente, Cory e Isabel Tenente.  
Mural: Lydia Aubin. 
Apoio ao movimento: Mara Serpa. 
Vídeo e Recolha de Imagem: Kukka Harvilahti. 
Música: Adelaide Reis, Alice Belo, Carla Mateus, Camille Farge, Catarina Andrade, Eduína  Eduardo, Lilla Ashuach, Natália Reis, Nazaré Vasconcelos, Nina Souliment, Úrsula Bravo. Produtoras: Liliana Janeiro e Margarida Benevides. 
Produtoras Locais: Camille Farge e Isabel Tenente. 
Produção: 9’ Circos — Associação de Artes Circenses dos Açores. 
Intérpretes: Albina, Alice Ramos, Anabela Almeida, Ana Peixoto, Cátia Lourenço, Camille  Farge, Gabriela Honeybud, Gabriela Silva, Heike Hellrung-Görz, Janete Chaves, Karina  Valente, Lídia Ferreira, Lígia Teixeira, Luísa Silveira, Margarida Benevides,  Maria Albina Mendonça, Maria de Fátima Sousa, Nélia Tenente, Orian Shtark, Palmira  Eduardo, Rosa Inocêncio, Sandra Silva, Serafina Eduardo e Shine Honeybud. 
Co-produção: Coletivo Creativo das Flores, Etxe Escola de Artes do Uruguai, Teatro  Umano. 
Design Gráfico: Liliana Janeiro, Rocío Matosas e Maria Inês Brás. 
Comunicação e Divulgação: Ana Oliveira. 

Apoios: Iberescena Artes Escénicas Ibero Americanas, Governo dos Acores, Direcção  Regional da Cultura, Direcção Regional para a Promoção da Igualdade e da Inclusão  Social, Direcção Regional das Comunidades, Direcção Regional da Juventude, Câmara  Municipal das Lajes das Flores, Junta de Freguesia da Fazenda, Ludoteca da Fazenda,  Museu Municipal das Lajes das Flores, Agência de Viagens Melo. 

Parceiros: Açores Hoje, Umar Açores, Clube do Livro da Ilha das Flores, Santa Casa da  Misericórdia das Lajes das Flores, Grupo de Teatro A Jangada, Serviço de  Desenvolvimento Agrário da Ilha das Flores, Grupo Coral da Lomba, Banda Filarmónica 

União Operária e Cultural Nossa Senhora dos Remédios da Fajãzinha, ATL das Lajes das  Flores, Letras Lavadas, Nova Gráfica, Biblioteca Municipal Daniel de Sá,  Premissa Híbrida, D’Ocassion, CDIJ Perkursos, Experience OC.  

Agradecimentos: Ana Ponte, Andreia Soares, Carina Raposo, Grupo de Teatro A Jangada  Inês Milagres, Jaen, Avishai Honeybud, Armando Rodrigues, à equipa de voluntários, à  equipa técnica de luz, à equipa técnica do Museu Municipal das Lajes das Flores e à Casa  do Povo das Lajes das Flores. 

Para mais informações sobre o projecto “A Costela de Lilith”, poderá consultar o site:  https://costeladelilith.wi:site.con/a-costela-de-lilit-1.

LL/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.