
O sector cooperativo na Região está “completamente falido” e quer o Governo Regional quer o PS assobia para o lado fazendo de contas que está tudo bem. Para os partidos do sistema as cooperativas são uma “vaca sagrada”, em que toda a gente reconhece o problema, mas nada se faz para acabar com a subsídiodependência do sector cooperativo.
A afirmação é do deputado Francisco Lima, que falava a propósito de uma interpelação ao Governo Regional por parte da IL sobre o sector, que lembrou que no tempo do PS e também neste actual governo “o associativismo serve para colocar amigos e para comprar votos”. O parlamentar deu exemplos: “o sector está falido no Pico, no Faial está numa situação de emergência, em São Jorge no tempo do PS enterraram milhões e milhões nas cooperativas até mudarem o modelo de gestão para a salvar, na Ilha Terceira, no tempo do PSD criou-se um monopólio”. O parlamentar ainda acrescentou que muitas cooperativas funcionam para si próprias e não para servirem os cooperantes.
O Governo Regional anuncia que faz o acompanhamento do sector cooperativo, mas na prática, explicou Francisco Lima, o actual Governo Regional faz relatórios e auditorias, “mas não obriga a que tomem medidas de gestão; apenas constata que estão falidas e que precisam de um plano de reestruturação. E qual é esse plano de reestruturação? É pedir mais dinheiro ao Governo Regional”, declarou.
Falando ainda sobre as cooperativas e a diversificação agrícola deu como exemplo a fruta – referida pelo Secretário Regional da Agricultura – Francisco Lima indicou, por exemplo, o financiamento directo à banana, em que “o subsídio é superior ao preço da venda e agora sem rateios, porque os mesmos são suportados pelo Orçamento da Região, é um tal crescer à custa dessa subsídiodependência”, alertando que também outros sectores como a pesca ou a construção civil “também querem ser financiados para aumentar a sua produção” , pois é fácil produzir com subsídios.
Francisco Lima reforçou que o sector cooperativo não tem o grau de escrutínio dos privados, não só porque não pagam impostos como as contas não estão disponíveis para consulta como acontece nas empresas privadas e deu o exemplo o problema que neste momento afecta a CALF: “se eu quiser saber porque a CALF está em dificuldades não consigo saber, pois as contas não estão disponíveis. Se quiser analisar de quem é a culpa se da CALF ou da LactAçores que se calhar comprou o queijo à CALF por 3 euros quando o custo de produção foi de 5 euros, não consigo saber se os lucros foram artificialmente transferidos de uma empresa para a outra. Tudo isto não é transparente”.
Acusando o actual Governo Regional de dar continuidade à ideologia socialista que gosta de promover o associativismo, como forma de “comprar silêncios”, Francisco Lima indicou que as empresas privadas não estão em pé de igualdade com as cooperativas, que são altamente beneficiadas pelo Governo Regional que recebem mais subsídios e não pagam impostos, tendo ainda majorações nas candidaturas aos projectos de investimento.
O parlamentar alertou ainda o Secretário Regional da Agricultura para não seguir os passos do BE que defende a redução da produção, “é um erro reduzir a produção pensando que vai haver valorização dos produtos”. O que acontece é que quando se reduz a produção, os custos de produção aumentam, pois, as indústrias de lacticínios vão laborar menos matéria-prima, mas mantêm os seus custos de estrutura.
Francisco Lima conclui dizendo que o PS e o PSD, em matéria de subsídiodependência, são absolutamente iguais.
Também o líder parlamentar do CHEGA, José Pacheco, entrou no debate para questionar porque não estão os jovens a escolher a agricultura como futuro profissional. “Os jovens não vão para a agricultura porque não lhes dá um rendimento viável para viver”, declarou.
A propósito das cooperativas, José Pacheco, explicou não estar contra a sua existência, “mas sim contra os contribuintes terem de pôr dinheiro e pagar as cooperativas”, afirmando que as empresas privadas têm de dar lucro e as cooperativas não podem ser uma excepção para o Estado intervir no seu financiamento.
“Jamais alguém tem de se ajoelhar perante o poder governativo. O poder governativo tem de servir as pessoas e não o contrário. Por isso, temos de fazer a pergunta certa: para onde queremos ir com a agricultura nos Açores?”, questionou José Pacheco.
Lembrando o lado mais liberal do CHEGA, José Pacheco lembrou um diploma apresentado nesta legislatura para que os produtores de banana possam receber apoios comunitários sem a obrigatoriedade de pertencer a uma cooperativa, “mas foi chumbado, porque acham que só nas cooperativas é que existe a verdade. Mas a verdade existe muito mais além, porque é a iniciativa privada que faz crescer a nossa economia”, concluiu.
CHEGA/AÇORES/RÁDIOILHÉU






