O Eurodeputado Paulo do Nascimento Cabral reuniu com a Cooperativa Porto de Abrigo e o Sindicato Livre dos Pescadores, sendo que “foram abordados diversos assuntos, desde logo a situação da quota do goraz, a sustentabilidade social da pesca, o acordo de pescas entre a União Europeia e Cabo Verde, a participação das mulheres nas pescas, e as Áreas Marinhas Protegidas”
A reunião decorreu na sede do Sindicato Livre dos Pescadores dos Açores, em Rabo de Peixe, e contou com a presença do Deputado do PSD/Açores, Jaime Vieira, tendo na ocasião sido entregue ao Eurodeputado o caderno reivindicativo da Porto de Abrigo e do Sindicato Livre dos Pescadores dos Açores, que incide sobre diversos pontos, como por exemplo, a reestruturação do setor das pescas e a sua capacitação. “Analisei o caderno reivindicativo com muito interesse, porque é uma entidade que conhece bem o setor e os pescadores, e considero que quanto mais informação é entregue a quem tem responsabilidades políticas, melhor será o seu desempenho, além de passar a ter uma posição ainda mais informada”, reiterou.
Em relação à quota do Goraz, em que a Comissão Europeia, com base nos pareceres científicos, propõe um corte de 35%, “ouvi preocupação e manifestei a minha surpresa pela dimensão, que sem dúvida, terá um impacto relevante no rendimento dos pescadores. Como é uma decisão baseada em dados científicos, não se aplica aqui a norma travão, pelo que tudo terá de ser feito para que este corte não seja tão acentuado, até porque é um contrassenso: Nós, nos Açores, temos uma pesca sustentável, de pequena escala, artesanal, acabamos de concluir um processo pioneiro na União Europeia de proteção de 30% do mar dos Açores, e agora temos esta má notícia. Vai ser necessário muito trabalho, a todos os níveis e de todas as partes, para reverter isto”,adiantou o Eurodeputado, acrescentando ainda que “nos Açores, até aumentámos, de forma voluntária, o tamanho mínimo de capturas, e há disponibilidade para analisarmos uma possível paragem biológica para recuperarmos a espécie, o que mostra a nossa preocupação com os stocks, pelo que este corte é injusto. Disto darei nota ao Comissário das Pescas e Oceanos, e estou confiante que será sensível a esta nossa reivindicação. E nos contactos que tenho tido, quer com o Secretário Regional das Pescas, quer com a Secretária de Estado das Pescas, tenho a certeza que da parte do Governo dos Açores e do Governo da República, tudo o que é possível fazer, está a ser feito, e no Conselho, Portugal também defenderá a minimização desta decisão”.
Paulo do Nascimento Cabral destacou ainda na reunião a necessidade de se proteger os pescadores. “Muito falamos de sustentabilidade ambiental, de quotas, de apoios, mas muitas vezes esquecemos os profissionais da pesca, os seus próprios rendimentos e condições de trabalho. Tive a oportunidade de organizar, no Parlamento Europeu, um seminário sobre o diálogo social e estes assuntos, chamando a atenção para a importância de termos boas condições de trabalho, até para atrair jovens e mais profissionais para as pescas”, afirmou o deputado ao Parlamento Europeu, acrescentando que “também o papel da mulher na pesca tem de ser valorizado e salvaguardado, pois é essencial para o setor”.
A concluir as suas declarações, o Eurodeputado enalteceu a proteção de 30% do Mar dos Açores em Áreas Marinhas Protegidas, como uma decisão “liderante e que é exemplo mundial, pelo que só posso elogiar a forma como decorreu o processo de decisão partilhada”, apelando a “uma união de todos os responsáveis políticos de todos os partidos, para minimizar esta decisão”.
PE/AÇORES/RÁDIOILHÉU
