AÇORES | Parlamento junta-se à luta pelos direitos das mulheres no Irão por proposta do Bloco de Esquerda
O parlamento dos Açores aprovou hoje um voto de saudação, apresentado pelo Bloco de Esquerda, pelos homens e mulheres que têm lutado pela defesa dos direitos das mulheres no Irão em manifestações que começaram após a morte da jovem Mahsa Amini às mãos da Polícia da Moralidade devido à forma como colocou o ‘hijab’ sobre a sua cabeça.
“A morte de Mahsa Amini tornou-se num símbolo contra a opressão que se vive no Irão. E, portanto, é essencial destacar a coragem das mulheres que saem às ruas, sabendo que enfrentam uma possível morte”, disse a deputada Alexandra Manes, que salientou a importância da solidariedade internacional perante esta situação.
A luta das mulheres no Irão tem sido acompanhada por diversas manifestações, em muitos países, demonstrando solidariedade com a sua luta, contra o regime opressivo que desrespeita a dignidade das mulheres, não lhes permitindo nem o direito de escolha acerca do seu corpo.
“Temos que juntar a nossa, às vozes destas pessoas que querem que os direitos e as liberdades sejam garantias, e, como tal, saudá-las, num gesto simbólico, pela coragem de se manifestarem contra a violência do regime teocrático do Irão”, refere o voto apresentado pelo Bloco de Esquerda.
No mês passado, Mahsa Amini, uma jovem iraniana de 22 anos, foi detida enquanto passeava pela capital com o seu irmão, que foi informado de que a jovem seria libertada após lhe ser dada uma ‘lição de reeducação’ sobre a utilização do ‘hijab’. No entanto, passadas algumas horas, Mahsa foi transportada para o hospital, vítima de brutais agressões, onde veio a falecer após um coma de três dias.
Esta morte levou a manifestações em todo o Irão, que representam o maior desafio da década contra o regime. Multidões têm saído à rua para se manifestar contra o sistema opressivo. Milhares de pessoas, homens e sobretudo mulheres estão a queimar publicamente o hijab, e a cortar os cabelos, enfrentando a regulação que o Estado Teocrático faz dos seus corpos e das suas escolhas.
No Irão, vive-se num sistema opressivo já há muitos anos, com uma política de agressão, que atenta contravalores como a liberdade, a democracia, a tolerância, a igualdade, e a defesa da vida e da dignidade humana.
A reação governamental contra as manifestações que ocorrem contra o regime opressivo vivido em todo o país tem sido completamente desproporcionada. Para além de cortarem a internet em todo o Irão, as respostas das forças de segurança aquando dos protestos da população têm resultado em dezenas de vidas perdidas.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU