“O desprezo do governo regional da coligação de direita pela Cultura é desolador”, afirmou o deputado António Lima, apontando problemas como os recorrentes atrasos no pagamento dos apoios às atividades culturais, a falta de investimento e de estratégia, e os problemas de falta de manutenção em muitos espaços como museus e bibliotecas.
Num debate sobre o estado do sector da cultura, hoje de manhã, o Bloco de Esquerda salientou que “investir na cultura é investir numa sociedade mais resiliente, mais coesa e isso é determinante para a própria democracia”.
Numa altura em que a maioria dos agentes culturais ainda não recebeu sequer a primeira tranche das verbas relativas ao ano de 2024, o governo continua a dizer que está tudo a correr com normalidade. Isso significa que “o não cumprimento dos prazos previstos na lei é já uma normalidade para o governo regional”, lamentou António Lima.
A realidade é que “há eventos culturais que tiveram de ser cancelados, outros modificados ou adiados” e que “essa constante incerteza e incumprimento de prazos coloca em causa a produção cultural nos Açores”, acrescentou o deputado.
O Bloco considera que o estado preocupante a que chegou a cultura nos Açores é resultado da indiferença e desrespeito do governo regional da coligação.
António Lima acrescentou que “este desprezo reflete-se de igual modo no orçamento e gestão de equipamentos da região”, apontando vários exemplos, como o Museu do Pico, que tem salas fechadas, o Museu da Horta, que tem problemas graves, a Casa Manuel de Arriaga, em que cai água do teto quando chove, e o Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas, que tem o sistema AVAC avariado, problemas na cobertura e equipamentos danificados.
O Bloco assinalou também o facto de o governo ter feito desaparecer os prémios bienais de arquitetura, fotografia, pintura, escultura e cinema “sem deixar rasto ou explicação” desde 2023, o que mostra que “a valorização do trabalho artístico de excelência que é feito nos Açores está abandonada”.
“O abandono da cultura empobrece, limita a diversidade e a riqueza da região. A ausência de uma política cultural retira capacidade aos Açores para enfrentarem os desafios do presente e do futuro”, assinalou António Lima.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU