Tiago Lopes realçou que o caos e o clima hostil vivido em quase todos os serviços do principal hospital da Região, o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), é um “sintoma daquilo que se vive no Serviço Regional de Saúde” e que, em última instância, “prejudica os doentes Açorianos”.
O deputado socialista falava após uma reunião entre o GPPS e a Ordem dos Médicos – Açores, em Ponta Delgada.
Tiago Lopes manifestou a “apreensão” do PS com a “incapacidade do Governo Regional em repor rapidamente a normalidade nas urgências do HDES”, avançando que aquilo que a Ordem dos Médicos transmitiu durante a reunião deixou os socialistas “ainda mais preocupados”.
“Num contexto de crise sócio-económica em que o apoio do Governo mais deveria ser sentido, conforme o PS/A já propôs, o agudizar destes problemas em nada abona a favor da resolução dos problemas dos Açorianos”, referiu.
“O clima e o ambiente vivido no HDES, devido a desacordos dos profissionais de saúde com o Conselho de Administração, tem levado a demissões consecutivas. Inclusivamente, há muitos profissionais médicos a colocar baixas, alguns deles diretores de serviços, fruto do clima de pressão e de perseguição”, salientou.
Tiago Lopes evidenciou que, desde que esta administração do HDES tomou posse, já saíram cerca de 15 médicos, o que se traduz “num saldo muito negativo de profissionais de saúde e com forte impacto na atividade assistencial”.
O parlamentar recordou que o Governo afirmou, em comissão parlamentar, que a retoma da atividade assistencial “estava concluída” após a crise de COVID-19, o que contrasta com os “cerca de 2.000 exames complementares de diagnóstico em lista de espera no HDES”.
O deputado do PS referiu também que relativamente às contratações de médicos especialistas anunciadas pelo Governo para o HDES, “destes, apenas três vêm de fora da Região, uma vez que a maioria já eram médicos internos no Serviço Regional de Saúde”.
“O Governo Regional não pode estar permanentemente a desresponsabilizar-se sempre que algo não corre bem. Temos uma situação caótica na urgência do HDES, a culpa não é do Governo. Temos um equipamento avariado há mais de um mês na medicina nuclear no Hospital da ilha Terceira, o Governo diz que não é problema seu. Há uma grave situação nos Bombeiros de Santa Cruz das Flores, o Governo diz que isso é um problema interno. Este Governo foge dos problemas e, ao fazê-lo, deixa os Açores para trás”.
“Quem não gosta dos médicos, não gosta dos utentes e de quem está doente. Esta permanente falta de respostas e de preocupação adensa muito as nossas dúvidas sobre aquilo que se está a passar no Serviço Regional de Saúde. Tememos muito pela degradação da nossa atividade assistencial, não por falta de brio e de profissionalismo por parte dos profissionais de saúde, que fazem o melhor possível todos os dias, mas pela falta de condições de trabalho que lhes são impostas e que colocam diretamente em causa a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde prestados”, alertou o deputado do GPPS, Tiago Lopes.
GPPS/AÇORES/RÁDIOILHÉU
