AÇORES | Bloco questiona governo sobre aplicação de herbicidas depois do regresso da permissão para utilização de glifosato na via pública
“Os Açores estão a recuar décadas no que diz respeito à proteção ambiental”, alertou hoje António Lima, após reunião com a Associação para a Promoção e Proteção Ambiental dos Açores. O Bloco quer explicações do governo sobre a aplicação de herbicidas na via pública sem a devida informação e sinalização, depois de ser permitida a utilização de glifosato por proposta do Chega, aprovada pela coligação PSD, CDS e PPM.
“Eu próprio já presenciei a aplicação de produtos na via pública em que os trabalhadores estão com equipamento de proteção individual para a aplicação de produtos tóxicos, sem que haja qualquer informação e sinalização da aplicação destes produtos”, explicou António Lima, que anunciou a entrega de um requerimento com perguntas ao governo sobre estas situações.
O deputado do Bloco salienta o “caminho interessante” que tem sido percorrido na Região para melhorar a proteção ambiental”, mas salienta que nos últimos anos “têm sido dados passos no sentido contrário”, criticando a coligação do governo por aprovar os retrocessos ambientais que têm sido propostos pelo Chega. Além do regresso à utilização do glifosato, António Lima lembra a exceção que foi criada para permitir a pesca na área marinha protegida da Caloura, por exemplo.
Mas os retrocessos podem não ficar por aqui, porque está em discussão no parlamento uma proposta do Chega que pretende suspender os planos de ordenamento do território na Região – Planos Diretores Municipais (PDM), Plano Regional de Ordenamento do Território (PROTA) e o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) – e que vai permitir “a construção de qualquer tipologia em zonas de proteção ambiental, como reservas ecológicas”.
“Isto é andar décadas para trás. É um perigo para o ambiente e levará os Açores a recuar décadas”, alerta António Lima.
A preocupação é ainda maior porque os exemplos do passado mostram que propostas do Chega que pareciam não ter condições para ter o apoio dos partidos da coligação, acabaram por ser aprovadas no parlamento.
Por isso, o Bloco apela à mobilização de quem se preocupa com o ambiente para travar estes retrocessos, que estão a acontecer não só nos Açores, mas um pouco por todo o mundo, como é exemplo os EUA, com a atual administração de Donald Trump, em que “uma das prioridades é atacar as regras que protegem o ambiente e as pessoas”.
BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU
