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AÇORES | Bispo de Angra pede um Natal que “não abafe” Jesus em prol do consumismo e o valorize como o centro da festa

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O bispo de Angra desafiou os diocesanos a viverem um Natal que não esconda Jesus debaixo do “consumismo de barriga cheia e utopias embrulhadas em bonitos laços que fazem esquecer as questões da vida que carecem de sentido”, na homília da missa de Natal a que presidiu na Sé de Angra.

“Provavelmente, em muitas casas, encontraria muitos sinais natalícios: muito amor e ternura, mesmo na simplicidade de um jantar familiar, muita alegria por reencontros felizes, sorrisos, bonitas palavras que unem e curam distâncias. Penso que veria também muitas marcas do consumismo, de um consumismo que se apodera pouco a pouco do Natal e abafa Jesus, um consumismo que vende natais de barriga cheia e utopias embrulhadas em bonitos laços que fazem esquecer as questões da vida que carecem de sentido” afirmou D. Armando Esteves Domingues.

“Jesus não vem embrulhado nem é provisório, nem quer ser apenas para quando faz falta. Também entre nós se corre o risco de ouvir que “não há lugar para Ele” como na noite do seu nascimento em Belém. Não deixemos” exortou o prelado diocesano.

D. Armando Esteves Domingues invocou o Natal em Gaza, onde se “festeja Jesus como o sonho de paz duradoira e justa” em vez “ da divisão e o ódio que a guerra sempre gera”.

É nesses lugares, recordou o bispo de Angra, que hoje “Jesus ainda tem lugar” tornando “mais visível” disse ainda aludindo à liturgia da noite de Natal que nos envolve numa “incrível história de amor de Deus com os homens”.

“Não podemos permitir que se fale de novo em homens e mulheres de primeira e de segunda, que se espalhem ideologias radicais que não jogam com a mensagem de Belém, onde acorrem pastores e reis, do Oriente e do Ocidente, todos para adorar o Deus Menino, independentemente das origens, sexo ou fé” alertou.

“Tenho que apelar ao respeito absoluto dos direitos humanos, ao acolhimento e espírito cristão para com os imigrantes que estão entre nós. Esta semana encontrei dois que trabalham nesta nossa cidade. Trocámos telefone e promessas de um café no Ano Novo. Façamo-los sentir em casa como fazemos com Jesus, o migrante por excelência.”

“Deus veio abraçar a humanidade ferida para a curar e salvar. Que maravilha!” enfatizou.

“De muitas formas, seja na liturgia, seja nas nossas palavras simpáticas, tudo está centrado em Jesus. É dele a festa. De facto, dizer Natal é dizer Jesus e, se o dissermos, já estamos a dizer também algo sobre nós, sobre o nosso viver, as nossas aspirações maiores, a nossa fé! “ afirmou o bispo insular que preside pelo terceiro ano à missa da noite de Natal na catedral angrense.

“Deixemo-nos provocar, meus irmãos, deixemo-nos desinstalar que foi para isso que Jesus veio. Se o adoramos na liturgia, precisamos do Seu amor no coração para o espalhar. Admiro tantos profissionais e voluntários que trabalharam, também entre nós, para valorizar este tempo, que é tempo de Deus” sublinhou deixando uma palavra de apreço para todos os voluntários e profissionais que conseguiram através do seu serviço celebrar o Natal junto dos que mais sofrem.

“Penso em todos os que inventaram festas de Natal para aquecer os corações e proporcionar momentos de alegria e esperança nos lugares de mais sofrimento e solidão: nas muitas Instituições Sociais por toda a nossa diocese, nos hospitais, nos lugares de acolhimento dos “sem abrigo”, nos estabelecimentos prisionais, etc. Mas são igualmente belas as mãos de pais e mães que preparam os mimos natalícios para os membros mais novos ou mais velhos da família. Quanto amor à solta!” disse.

O prelado recordou, ainda, a mensagem de Natal onde apela a um trabalho pastoral com os casais jovens.

“Faço alusão à responsabilidade do batismo, esse nosso autêntico Natal de Deus em nós, que importa alimentar para que cada batizado se torne um discípulo de Jesus e membro vivo da comunidade da Igreja em que entrou. Como para a sociedade, também para a Igreja eles são importantes”. Disse.

“ Os jovens casais, acolhendo e promovendo generosamente a vida, são testemunhas vivas de fé e compromisso cristão. Que Deus a todos dê as condições necessárias para gerar e educar na fé os seus filhos”, prosseguiu.

“Caros irmãos e irmãs, que Cristo, o centro visível do nosso Natal, faça toda a diferença” disse ainda.

Este dia de Natal o bispo de Angra presidirá de novo à Missa do Dia de Natal, na Catedral, às 11h00, hora dos Açores.

IA/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.