AÇORES | Atlânticoline. Nove viagens canceladas devido à greve entre os dias 25 e 31 de março
Na semana passada, foram canceladas 9 viagens devido à greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), que decorre desde 7 de março.
De notar que, neste período, foram também canceladas várias viagens devido às condições meteorológicas adversas que assolaram o arquipélago dos Açores.
Infelizmente, não tem sido possível alcançar um entendimento com o sindicato. Recorde-se que, a 14 de março, o sindicato apresentou uma proposta que a Atlânticoline estava pronta a aceitar. Nesta proposta, para além dos 63 euros de aumento salarial para todos os colaboradores, do aumento de 1€ no subsídio de refeição e da atribuição de uma Isenção de Horário de Trabalho para os maquinistas – propostas já apresentadas pela empresa -, o sindicato solicitou um aumento de 500 euros anuais para todos os colaboradores. O peso orçamental destas alterações foi analisado pela Administração, que o considerou exequível. Recorde-se que em 2022 a empresa assumiu o compromisso de aumentar todos os colaboradores em função do aumento do salário mínimo nacional, o que significa que em janeiro último todos os colaboradores foram aumentados em 63€ mensais, o que tem, naturalmente, implicações orçamentais na empresa. Além disso, este aumento foi aceite porque o sindicato assumiu expressamente o compromisso de negociar a curto prazo o clausulado do Acordo de Empresa (AE) que se encontra desadequado à atividade da Atlânticoline, nomeadamente a organização dos tempos de trabalho.
No entanto, no dia 21 de março, quando se realizou nova reunião, o sindicato já trazia também uma nova proposta, em que, para além do aumento adicional de 500 euros anuais para cada colaborador, solicitava um segundo aumento de 3.000 euros anuais para os marinheiros. Para o Conselho de Administração da Atlânticoline, assumir estes valores significa colocar em risco a sustentabilidade da empresa, situação que representa uma clara linha vermelha que não pode ser ultrapassada.
O Conselho de Administração da Atlânticoline reitera o seu apelo ao sindicato e aos colaboradores para uma negociação séria e em função da realidade da empresa, na esperança de que seja possível chegar a um entendimento.
Todavia, à luz daquilo que têm sido as propostas do sindicato, a empresa reconhece que se afigura cada vez mais difícil chegar a acordo, razão pela qual não vê outra alternativa senão a de solicitar à Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego que inicie a conciliação deste processo.
A Atlânticoline entende que a seriedade da situação exige esta medida, considerando que a greve é altamente penalizadora do serviço público de transporte marítimo, sendo um constrangimento grave principalmente no setor da Saúde, pelos transtornos que causa a todas as pessoas das ilhas do Pico e de São Jorge que necessitam de se deslocar ao Hospital, na ilha do Faial.
Além disso, o Conselho de Administração considera essencial ultrapassar os problemas causados pelo facto do AE determinar períodos de organização do trabalho que não se adequam ao normal funcionamento da empresa. O atual clausulado do AE impede a existência de turnos para além das 22h30. Ora, para um serviço público de transporte marítimo eficaz e adequado às necessidades da população, essa situação é incomportável, razão pela qual a Atlânticoline já diligenciou, junto do seu gabinete jurídico, o arranque de uma ação judicial que torne nulas essas cláusulas, por serem contrárias à atividade da empresa.
ATLANTICOLINE/RÁDIOILHÉU