A Sibylla-Versos Philosóphicos, de Marianna Belmira de Andrade, em São Jorge, no próximo dia 11 de Setembro
No próximo dia 11 de setembro, no Jardim da República, às 17:30, a convite da Câmara Municipal de Velas, Henrique Levy apresenta o livro de poesia A Sibylla-Versos Philosophicos, de Marianna Belmira de Andrade 1884/1921. Henrique Levy, coordenador da editora Nona Poesia é autor da edição e notas deste livro.
Marianna Belmira de Andrade deve ser entendida como a mais singular voz da poesia açoriana da sua época. Remetida ao silêncio pela generalidade da crítica, o eco dos seus versos, apesar de indiscutível qualidade, não chega ao continente português, e esbarra na indiferença da maioria dos literatos açorianos.
O nome da poetisa jorgense não consta em nenhum dicionário de Literatura Portuguesa. Todavia, é num contexto social em que vigora ainda um conservadorismo feroz que emerge a voz de Marianna Belmira de Andrade votada durante séculos não só ao isolamento geográfico, mas também ao arcaísmo sociocultural da condição de mulher em geral e da insular em particular.
Neste livro, Marianna Belmira de Andrade reprova a sociedade terratenente, a Igreja Católica e a instituição monárquica, responsabilizando-as pelo atraso do país, da pobreza e das desigualdades sociais. A autora revolta-se contra a condição das mulheres e o papel doméstico para que são relegadas, sendo- lhes negado o direito à instrução, o acesso à cultura, bem como o desempenho de qualquer função social relevante. Foi esta mesma sociedade misógina que durante 136 anos votou à proscrição a obra poética de Marianna Belmira de Andrade que agora se publica.
A Sibylla-Versos Philosophicos é o primeiro projeto que a editora Nona Poesia, dedica à divulgação de poetas dos territórios atlânticos de Língua Portuguesa; Portugal, Açores, Madeira, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
LV/RÁDIOILHÉU