ÚLTIMAS

AÇORES | Privatização do serviço de hemodiálise do HDES leva Bloco a requerer audições no parlamento sobre o negócio

248views

Embora não exista nos Açores qualquer clínica privada que realize hemodiálise, o governo regional anunciou que vai externalizar este serviço essencial. “Ou o governo está a colocar em risco os doentes ao encerrar o serviço sem a garantia de que alguém o vai prestar no privado, ou então já tem o negócio fechado com alguma empresa”, afirmou António Lima, hoje, após uma reunião com a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR).

A unidade de hemodiálise do HDES está há muito tempo a precisar de obras de ampliação e remodelação para tratar dos doentes com dignidade e para aumentar a capacidade por forma a responder às necessidades.

Esta obra esteve prevista nos Planos de investimentos da Região desde 2023 – onde foi incluída por proposta do Bloco – mas desapareceu agora da proposta de Plano para 2026 entregue no parlamento pelo governo regional.

A semana passada, a secretária regional da Saúde tentou colocar a responsabilidade desta opção nas empresas que realizaram os planos funcionais para a reorganização e redimensionamento do HDES, por preverem a externalização deste serviço.

Mas “se os planos funcionais preveem essa externalização é porque alguém o pediu”, já que “as empresas não terão certamente a capacidade de decidir que serviços terá ou deixará de ter o hospital”, assinalou António Lima.

O deputado do Bloco acusa o governo regional de estar a seguir um caminho que tem como objetivo partir o Serviço Regional de Saúde aos bocados para privatizar: “Prometeram um novo hospital, um hospital universitário, mais capacitado, e não um hospital para privatizar aos bocados”.

“Não vemos nenhuma racionalidade nesta decisão” de privatizar o serviço de hemodiálise, mas apenas “uma vontade e uma visão claramente ideológica para que a saúde seja prestada cada vez mais por privados, garantindo os lucros através do Orçamento da Região”.

Esta opção do governo pode provocar dificuldades de recursos humanos, porque além dos profissionais que serão contratados para a clínica privada, o hospital terá sempre de ter uma unidade para responder aos doentes em situação aguda.

Além disso, como defende a APIR, ter o serviço de hemodiálise no hospital dá mais garantias de segurança aos doentes, porque é importante ter acesso a um serviço de urgência e a outras especialidades caso haja alguma intercorrência no tratamento.

Para obter esclarecimentos sobre a intenção de privatizar o serviço de hemodiálise, por que motivos os planos funcionais apontam para externalização e para perceber que empresa privada vai realizar este serviço, o Bloco vai propor a audição no parlamento, com caráter de urgência, da secretária regional da Saúde, da diretora do serviço de nefrologia do HDES, das duas empresas que realizaram os planos funcionais para a reorganização e redimensionamento do HDES e da APIR.

BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.