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ATUALIDADE | BE. Coligação conduz Saúde por “caminho perigoso” que pode converter serviço público gratuito em serviço mínimo assente em seguros pagos

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O Bloco de Esquerda considera que o desinvestimento do governo da coligação no Serviço Regional de Saúde e está a bloquear o acesso de muitos utentes aos cuidados de saúde. Um “caminho perigoso” que pode levar à conversão do serviço público de acesso universal e gratuito “num serviço mínimo de um sistema assente em seguros”, alerta António Lima.

Numa declaração política sobre o setor da Saúde, o deputado do Bloco acusou o governo de estar “resignado e alheado dos problemas da saúde”.

“O Serviço Regional de Saúde tem sido alvo de desinvestimento, subfinanciamento crónico e ausência de modernização técnica e organizacional”, afirmou António Lima, acrescentando que se assiste a uma “mera gestão diária dos problemas, quando era necessária uma verdadeira estratégia de futuro”.

A falta de investimento e falta de estratégia da coligação de direita traduz-se em problemas concretos: há atrasos no pagamento a enfermeiros, a taxa de mortalidade por cancro é a maior do país e está a crescer em contraciclo com a média nacional, o número de cirurgias caiu 54% no HDES em relação ao ano anterior, e caiu 33% no total do Serviço Regional de Saúde.

Os problemas do SRS são também de organização e de gestão: “Com este governo, o HDES já vai com 4 presidentes do Conselho de Administração e o HSEIT, atualmente sem presidente, irá também para o quarto”, assinalou o deputado.

António Lima assinalou também que o Serviço Regional de Saúde está a falhar às mulheres dos Açores, porque nega o direito à IVG nos hospitais da Terceira e da Horta.

“É para nós motivo de profunda preocupação que, no HSEIT o direito à IVG nunca tenha existido, apesar de atualmente existirem 2 médicos não objetores de consciência. E que na Horta, haja, segundo os próprios relataram ao Diário de Notícias numa reportagem de novembro de 2023, médicos que se declaram objetores “por falta de condições” para garantirem a segurança das mulheres”, afirmou o parlamentar.

“Exigem-se mudanças urgentes porque o SRS está a falhar às mulheres dos Açores”, concluiu António Lima.

O Bloco voltou a pôr em causa a opção pelo hospital modular – cujo prazo de abertura voltou a ser ultrapassado sem explicações – e reiterou que “todos os esforços deveriam ter sido feitos para reabrir totalmente” o edifício do HDES após o incêndio.

“A justificação para o hospital modular que começou por ser os danos causados no incêndio, rapidamente evoluiu para apoio para a construção do tal hospital novo que não tem prazos nem projeto”, assinalou o deputado.

Sobre a gestão financeira do sector da Saúde, o Bloco destaca que a conversão de dívida financeira em dívida comercial não reduziu a referida dívida no mesmo montante: “O governo transferiu para o SRS 75M, em 22 de outubro, mas a dívida comercial desceu apenas de 205ME para 173ME (menos 30M). E os outros 45M, onde estão? A explicação mais benigna é que foram utilizados para financiar despesas correntes”.

BE/AÇORES/RÁDIOILHÉU

Mauricio De Jesus
Maurício de Jesus é o Diretor de Programação da Rádio Ilhéu, sediada na Ilha de São Jorge. É também autor da rubrica 'Cronicas da Ilha e de Um Ilhéu' que é emitida em rádios locais, regionais e da diáspora desde 2015.