Esta é uma das zonas em que as duas paróquias já trabalham em conjunto, projetando uma futura unidade pastoral
A primeira experiência de inter-paroquialidade, que constitui um desafio próximo em São Jorge, é no âmbito da caridade e situa-se na zona do Topo e Santo Antão com o Centro Social e Paroquial, o primeiro dos Açores, criado a 3 de novembro de 1958.
Este sábado, cumprindo o penúltimo dia da visita pastoral a São Jorge, o bispo de Angra visitou o centro Social e Paroquial cujo edifício, a partir de janeiro, entrará em obras com vista à criação de um centro inter-geracional para continuar a servir as populações das freguesias do Topo e de Santo Antão, que se encontram mais afastadas geograficamente do resto da ilha.
A construção deste novo edifício irá compreender uma creche com capacidade para 30 vagas, um estabelecimento de educação pré-escolar com 20 vagas, um centro de atividades de tempos livres (CATL), um centro de dia, cada um com 20 vagas, e um serviço de apoio domiciliário (SAD), com capacidade para servir 40 utentes.
Com um prazo de execução previsto de 18 meses, esta empreitada contará com financiamento do Programa Açores 2030 e terá um valor aproximado de 4 milhões de euros.
Atualmente o Centro Social e Paroquial de Santo Antão tem 23 crianças- 13 na creche e 10 no jardim de infância- e apoia várias famílias com a confeção de 80 refeições diárias. É, de resto, a única Instituição Particular de Solidariedade Social do concelho nesta zona.
D. Armando Esteves Domingues visitou as instalações e esteve reunido com a direção, depois de ter iniciado o dia na Fajã de São João numa oração na capela onde celebrava o bispo Jorgense que o ordenou sacerdote em janeiro de 1982, em Viseu, D. José Pedro da Silva e que tem por invocação Nossa Senhora da Guia e o mesmo lema que adoptou no seu episcopado “Eis a tua mãe”, numa passagem do Evangelho de São João.
Na visita pastoral a esta zona do Topo e Santo Antão, que até pela geografia já constitui uma unidade pastoral a funcionar em pleno nos últimos anos, com a criação de um Conselho Pastoral inter-paroquial, onde estão representados todos os movimentos e serviços existentes nestas duas paróquias, D. Armando Esteves Domingues começou a sua visita pastoral pela Igreja de São Tomé, a única que tem esta invocação na ilha tendo visitado depois o núcleo museológico.
No curato do Cruzal, uma ermida mais recente que tem em destaque uma Imagem do Senhor Bom Jesus Milagroso, que é venerada especialmente durante a festa no primeiro domingo de agosto e conta com a presença de inúmeros emigrantes.
Nesta visita à comunidade paroquial de Santo Antão, D. Armando Esteves Domingues visitou ainda um `mercadinho de Natal´ no salão paroquial e a Junta de Freguesia de Santo Antão, a fábrica de laticínios Finisterra e a Igreja paroquial de Santo Antão, tendo passado pelo Salão paroquial onde existe um banco de roupa, expressão da caridade social.
A casa do Espírito Santo e o império de Santo Antão, construído em 1887, é um dos ex libris da freguesia. Seguiu-se uma visita às Irmãs Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, presentes na zona do Topo desde 1962 e muito ligadas ao centro Social e Paroquial de Santo Antão. A visita à ermida de São Pedro, a mais antiga do Topo e à Junta de Freguesia permitiu ao bispo de Angra conhecer a realidade desta freguesia que já foi sede de concelho, que tem duas filarmónicas, uma irmandade do Divino Espírito santo, um Grupo desportivo e a Associação de Defesa do Património.
O prelado passou ainda pelo farol da ponta do Topo, um dos dois faróis da ilha, embora o da ponta dos Rosais tenha sido praticamente destruído depois do sismo de 1964, pouco depois da sua construção. É do farol da ponta do Topo que se regula toda a operação marítima em São Jorge.
A visita à Escola EBI do Topo, atualmente com 75 alunos entre Jardim de Infância e terceiro ciclo, marcou uma parte da tarde. É no edifício da escola, no antigo convento franciscano do Topo que se situam também as salas de catequese desta zona pastoral o que facilita a integração das crianças e jovens. As salas estão situadas na ermida de São Diogo de Alcalá e acolhem 75 crianças que são orientadas por 14 catequistas. Esta igreja foi recuperada recentemente depois de ter estado anos a fio ao abandono, após os danos causados pelo sismo de 80 na ilha terceira que arrasou Angra e provocou danos em São Jorge.
Antes da missa, concelebrada por toda a equipa sacerdotal da ilha, o Conselho Pastoral Interparoquial esteve reunido com o bispo e o padre Dinis Silveira, pároco do Topo e de Santo Antão para fazerem em conjunto uma avaliação do trabalho desenvolvido apresentando um retrato da realidade destas comunidades.
A experiência da inter-paroquialidade foi considerada vantajosa, sobretudo quando o mesmo sacerdote assegura várias paróquias vizinhas, o que pode constituir o embrião de futuras zonas e unidades pastorais. Já ontem o bispo de Angra tinha referido esta possibilidade num futuro próximo na ilha de São Jorge. Há duas zonas que pela geografia já estão naturalmente criadas, mas a ideia é avançar com mais três, num total de cinco.
Na missa na Igreja Matriz do Topo, D. Armando Esteves Domingues voltou a falar do assunto.
“Gostaríamos de fazer uma carta de compromissos que ajudasse esta ouvidoria a ir para a frente de forma empenhada. As primeiras comunidades cristãs amavam-se tanto que diziam deles : vede como eles se amam. Façamos com que sejamos este exemplo e digam de nós isso, pondo de parte quezílias antigas ou rivalidades territoriais”, afirmou D. Armando Esteves Domingues.
“Que em cada lugar, em cada trabalho haja a alegria de Cristo”, disse ainda.
“Nesta visita trago para a eucaristia toda a alegria daqueles que me encheram o coração; somos uma unidade, gente que vive em comunhão de forma alegre porque a fonte da nossa alegria não é uma coisa qualquer mas uma pessoa: Jesus Cristo”, frisou ainda D. Armando Esteves Domingues, lembrando uma espécie de caderno de encargos para os cristãos neste tempo de Advento: “partilhar”, “não exigir” e “não abusar”.
O prelado defendeu uma nova forma de evangelizar procurando ir ao encontro de quem está longe, “tecendo laços” que evitem “um fechamento” pois nenhum cristão “vive sem o outro”.
“Quando colocamos pessoas de parte somos nós que ficamos excluídos” referiu.
“O que fazemos devemos fazer por amor, não abusar das nossas posições e fazer tudo sem orgulho”, salientou ainda.
No final da celebração tomaram posse os dois Conselhos para os Assuntos Económicos das duas paróquias e o pároco, que preside aos dois órgãos, marcados pela corresponsabilidade, agradeceu a visita do Bispo de Angra que espera poder vir a marcar a “viragem no caminho da sinodalidade para construirmos uma igreja mais sinodal” em que “todos, todos, todos possam contribuir para que a Igreja seja o rosto de Cristo vivo”.
Duas catequistas, Judite Oliveira e Lúcia de Sousa Aranha, foram brindadas por uma bênção apostólica do Papa Francisco pelos serviços prestados à catequese desta zona da ilha de São Jorge ao longo de 50 e 60 anos, respetivamente.
IA/RÁDIOILHÉU
