Um dos mais importantes pilares da proteção civil em Portugal, os Bombeiros desempenham um serviço fundamental em ações de socorro decorrentes de acidentes rodoviários, combate a incêndios, desastres naturais e industriais, emergência pré-hospitalar e transporte de doentes, assim como abastecimento de água às populações, socorros a náufragos, e inúmeras ações de prevenção e sensibilização junto das populações.
Exemplos de altruísmo e de cidadania, às vezes sem o devido reconhecimento dos poderes políticos, as corporações de bombeiros em Portugal debatem-se constantemente com grandes dificuldades, resultantes da falta crónica de meios financeiros, que em muitos casos entravam inclusive a prestação de serviços essenciais às populações.
Ao longo dos últimos anos, muitas destas dificuldades e entraves, agravados pelos contextos das crises económicas, têm sido mitigados e ultrapassados graças à generosidade de vários emigrantes portugueses, que um pouco por todo o território nacional são um apoio vital para o funcionamento de corporações e para a prossecução de relevantes serviços prestados pelos bombeiros às populações.
Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado na magnanimidade do emigrante luso-americano Manuel Carvalho, natural de Tamengos, concelho de Anadia. Ao longo das últimas décadas, o conhecido empresário na área da restauração em Mineola, vila que fica a 30 quilómetros da cidade de Nova Iorque, e em que 15% dos seus cerca de 21 mil habitantes são de origem portuguesa, tem dinamizado um conjunto significativo de iniciativas de apoio aos Bombeiros Voluntários de Anadia, uma entidade de utilidade pública e carácter humanitário que remonta a 1933.
A notável filantropia do empresário luso-americano tem possibilitado, nos últimos anos, encontrar formas e meios para apetrechar os Bombeiros Voluntários do município inserido em pleno centro da Região da Bairrada. Entre as várias iniciativas, destaca-se por exemplo, a que dinamizou no verão de 2016, quando teve conhecimento das dificuldades financeiras dos bombeiros da sua terra natal, contexto que o motivou no alvorecer do ano seguinte a organizar um evento solidário em prol da coletividade anadiense.
A iniciativa, que decorreu durante um jantar na Churrasqueira Bairrada, da qual é proprietário, mobilizou a comunidade luso-americana de Mineola e permitiu a angariação de uma quantia de cerca de 25 mil euros, que foram entregues à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia com o objetivo de auxiliar nas obras do quartel e na aquisição de uma viatura.
A sua constante e desprendida generosidade com a corporação do seu torrão natal, é acompanhado de um constante apoio aos bombeiros do território de acolhimento e de origem da sua esposa Jackie Carvalho. Em razão disso, além de Bombeiro Honorário em Mineola, no ano transato recebeu a mais alta distinção honorária dos Bombeiros da República do Panamá.
Ainda no final desse ano, o emigrante anadiense foi entronizado como “Embaixador dos Bombeiros Voluntários de Anadia em Mineola”, no âmbito do 90.º aniversário da corporação. No decurso da cerimónia foi justamente atribuído a Manuel Carvalho o título de “sócio benemérito n.º 1365” e um “Diploma de Reconhecimento” em nome da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia.
Nos fundamentos do Diploma, é reconhecido e enaltecido «o relevante e imprescindível apoio concedido a esta Associação pelo anadiense Manuel Carvalho, a partir dos Estados Unidos da América, pais onde reside», salientando-se que o mesmo está «sempre atento às necessidades desta Associação e por se mostrar disponível para colaborar na importante missão dos Bombeiros de Anadia».
A singular magnanimidade de Manuel Carvalho em prol dos Bombeiros Voluntários de Anadia, que em 2021 tinham já distinguido o emigrante luso-americano com uma “Medalha de Mérito da Associação” pelo papel de essencial importância na angariação de fundos para a aquisição de uma ambulância para a corporação, alenta a máxima da poeta e escritora Iara Schmegel: “Bombeiros, aqueles que acendem a chama da esperança”.